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16 de jan. de 2024

Porque os Líderes Cristãos Ignoram os Ataques às suas Comunidades




Gatestone, 14/01/2024



Por Bassam Tawill



Em 26 de dezembro, o grupo terrorista libanês do Irã, Hisbolá, atacou a Igreja Greco-Católica de Santa Maria em Iqrit, no norte de Israel. Um míssil antitanque teleguiado disparado do Líbano atingiu em cheio a igreja, ferindo gravemente um civil de 85 anos. Nove soldados israelenses que de imediato correram para resgatar o fiel foram feridos por um segundo ataque com mísseis. O Hisbolá se vangloriou do ataque e publicou um vídeo dos seus mísseis atingindo a igreja.

O ataque não provocou nenhuma resposta de nenhuma expressiva organização cristã no Ocidente. Em contrapartida, o Papa, mais do que depressa, condenou o assassinato de duas mulheres cristãs na Faixa de Gaza, insinuando hipocritamente, que Israel foi o responsável.

Nahida Khalil Anton e sua filha, Samar Kamal Anton, foram mortas em um tiroteio no complexo da Paróquia Católica da Sagrada Família, na Faixa de Gaza. O papa afirmou que as duas "foram mortas e outras foram feridas pelos atiradores quando iam ao banheiro". Embora ele não tenha mencionado os nomes dos supostos atiradores, no artigo, o Papa ecoou falsas alegações do Hamas e de outros grupos terroristas, que claramente apontava o dedo acusatório em Israel:

"na oração do Angelus, o Papa salientou que ele continua recebendo relatos preocupantes de Gaza, onde civis desarmados são alvo de bombardeios e de tiros".

Até o presente momento, nenhum líder cristão se manifestou quanto ao ataque com mísseis do Hisbolá contra uma igreja.

Quando muçulmanos cometem esse tipo de crime contra os cristãos na Faixa de Gaza, Egito, Líbano, Iraque e em outros países, ninguém, nem mesmo a mídia, toma conhecimento. Por que? Porque não se trata de Israel. Nenhum judeu é culpado.

É bem provável que as mulheres cristãs foram assassinadas por terroristas do Hamas ou da Jihad Islâmica. De uns anos para cá, surgiram cada vez mais provas de que o Hamas não só utiliza mesquitas para lançar ataques contra Israel como também, segundo revelou o Arcebispo Alexis, proeminente líder cristão na Faixa de Gaza, que durante uma das recentes sequências de combates, os terroristas do Hamas usaram o complexo da igreja para lançar foguetes contra Israel.

A propósito, estes são os mesmos terroristas que dispararam um foguete que atingiu um hospital na Faixa de Gaza e na sequência correram para acusar fraudulentamente Israel. Após examinar imagens dos danos ocorridos no ponto de impacto no Hospital Al-Ahli, uma fonte militar europeia descartou a hipótese de que o ataque tenha sido desfechado por um caça israelense. A fonte, bem como o governo dos EUA, avaliaram que a explosão foi causada por um foguete disparado de Gaza que falhou no disparo intencionado a Israel e acabou atingindo o hospital. Além disso, a fonte, questionou o número de mortos rapidamente anunciado pelo Ministério da Saúde controlado pelo Hamas, dizendo ser improvável que 471 pessoas tenham morrido na explosão, segundo a inteligência dos EUA que estimou um número muito menor.

Mais cedo, o Patriarcado Latino de Jerusalém acusou diretamente Israel, sem qualquer prova, de matar a mãe e a filha cristãs. "Elas foram baleadas a sangue frio", afirmou o patriarcado em um comunicado.

Os militares israelenses, no entanto, refutaram a alegação de que as suas tropas tinham como alvo a Igreja Ortodoxa Grega na Faixa de Gaza. Salientando que as Forças de Defesa de Israel (IDF) "não têm como alvo civis, independentemente da sua religião", o exército disse ter sido contactado por representantes da igreja sobre um incidente na Paróquia da Sagrada Família, mas "não há relatos de um ataque à igreja", nem de civis feridos ou mortos. Uma revisão nas investigações operacionais da IDF chegou à mesma conclusão."

Mais tarde, ressaltou que sua investigação inicial constatou que "terroristas do Hamas lançaram uma granada lançada por foguete contra as tropas das IDF nas proximidades da igreja". As tropas identificaram três pessoas nas proximidades que operavam como "observadores" para o Hamas e "orientavam os seus ataques", e dispararam contra os observadores, atingindo-os.

"Embora este incidente tenha ocorrido na área onde as duas mulheres teriam sido mortas", "os relatos recebidos (sobre elas) não correspondem à conclusão da nossa investigação inicial, que constatou que as tropas das IDF tinham como alvo observadores dos inimigos."

As IDF salientaram que continuavam "examinando o incidente", e acrescentaram:

"as IDF levam muito a sério as alegações de ataques em locais de alta suscetibilidade, especialmente igrejas, locais sagrados para a fé cristã. As IDF dirigem as suas operações contra a organização terrorista Hamas e não contra civis, independentemente da sua filiação religiosa. As IDF tomam extensas medidas para mitigar os danos aos civis na Faixa de Gaza. Estas medidas contrastam com o Hamas, que não mede esforços para pôr em perigo os civis e os explora, bem como os locais religiosos, como escudos humanos usados para as suas atividades terroristas."

Ao apontar o dedo acusatório a Israel, tanto o Papa como o Patriarcado Latino em Jerusalém estão, na verdade, acreditando nas falsas alegações do proxy palestino do Irã, o Hamas. O Papa e o Patriarcado, num piscar de olhos, fizeram o julgamento contra Israel, em grande parte com base numa falsa afirmação feita pelo Hamas, cujos terroristas invadiram Israel em 7 de Outubro e assassinaram mais de 1.200 israelenses e feriram milhares de outros. O Papa e o Patriarcado nem se importaram em esperar pelo resultado da investigação do exército israelense sobre o incidente da igreja ocorrido em Gaza. Em vez de aguardar um pouco, eles, assim como muitos da grande mídia no Ocidente, optaram por papagaiar as espúrias alegações do Hamas e de outros terroristas.

A exemplo de tantos na grande mídia no Ocidente, eles também optaram por fazer vista grossa frente ao ataque do Hisbolá à igreja no norte de Israel. Eles provavelmente não veem motivo para se pronunciarem a um ataque que não pode ser atribuído a Israel.

Onde estavam o Papa e demais organizações cristãs, é de se perguntar, quando os cristãos que viviam sob o comando do grupo terrorista Hamas, uma ramificação da Irmandade Muçulmana, eram sistematicamente visados e perseguidos?

Durante o volátil período entre 2006 e 2008 na Faixa de Gaza, terroristas islamistas assassinaram Rami Ayyad, um ativista palestino cristão que trabalhava como gerente da única livraria cristã local. A livraria já foi alvo de inúmeros ataques no passado, incluindo atentados a bomba e incêndios criminosos. É de conhecimento geral que Ayyad sofreu ameaças de morte ao longo dos anos.

Em 6 de outubro de 2007, enquanto fechava a livraria, ele foi forçado a entrar em um carro por um grupo de homens mascarados e levado embora. No dia seguinte, o seu corpo foi encontrado num terreno baldio perto do bairro de Zeitoun, em Gaza City. Ele foi brutalmente espancado e um bilhete encontrado perto de seu corpo que o acusava de ser um "missionário" e alertava outros a não se envolverem em atividades daquela natureza.

"Desde a eleição do governo do Hamas em 2006 e o golpe por meio do qual o Hamas assumiu o controle da Faixa de Gaza em junho de 2007, a tensão religiosa só fez se intensificar", escreveu o já falecido advogado internacional de direitos humanos Justus Reid Weiner, que pesquisou extensivamente os abusos dos direitos humanos contra os cristãos na Cisjordânia e na Faixa de Gaza.

"O Hamas promulgou políticas que estão transformando (as áreas controladas pelos palestinos) numa teocracia islâmica, a religião cristã e os seus fiéis são consistentemente discriminados. Grupos muçulmanos como o Hamas e a Jihad Islâmica conceberam uma cultura de ódio sob os antigos alicerces da sociedade islâmica. Em 2008, militantes muçulmanos bombardearam a Associação Cristã de Moços da Cidade de Gaza (YMCA) e uma bomba explodiu em uma escola cristã."

Na opinião de Weiner, os crimes cometidos contra os cristãos árabes são consequência da maneira de pensar que remonta aos primórdios do Islã:

"tradicionalmente, cristãos e judeus recebem o status social inferior conhecido como dhimmitude no Islã. A dhimma é um contrato legal de submissão imposto às populações autóctones não muçulmanas em regiões conquistadas pela propagação do Islã. Embora judeus e cristãos não tenham sido forçados a se converterem ao Islã, também não eram tratados em pé de igualdade com os muçulmanos. Como dhimmis, judeus e cristãos estavam sujeitos a restrições legais e culturais sob a lei islâmica. Por exemplo, os muçulmanos podiam andar a cavalo, ao passo que cristãos e judeus estavam limitados a burros. Ou então, os muçulmanos eram autorizados a usar roupas de tecido fino, ao passo que cristãos e judeus só podiam usar roupas feitas de tecido grosso."

Weiner continuou observando:

"na sociedade palestina, os cristãos árabes não têm voz nem proteção. Não é de se admirar que eles estejam indo embora. Por causa da emigração, algumas remontam a duas ou três gerações, 70% dos cristãos árabes que originalmente residiam na Cisjordânia e em Gaza agora vivem no exterior."

Quanta ironia, então, que a última tentativa de tachar Israel como país que visa os cristãos tenha coincidido com o massacre na Nigéria perpetrado contra os cristãos que celebravam o Natal. Mais de 160 cristãos foram assassinados em ataques coordenados por grupos militantes islamistas que ocorreram entre 23 e 25 de dezembro. A Nigéria vem sendo foco da perseguição cristã nos últimos anos. Em 2022 foi o nº 1 do mundo no ranking em cristãos mortos por conta da sua fé. Quando se comete este tipo de atrocidades, raramente se ouve vozes daqueles que afirmam se preocupar com o bem-estar e a segurança dos cristãos ao redor do mundo.

O ranking dos 10 principais países que perseguem cristãos, de acordo com a Open Doors, uma organização que apoia cristãos perseguidos, são: Coreia do Norte, Somália, Iêmen, Eritreia, Líbia, Nigéria, Paquistão, Irã, Afeganistão e Sudão. Outros países que fazem parte da lista são: Índia, China, Arábia Saudita, Cuba, Egito, México, Turquia e Nicarágua.

Entretanto, em Israel, a comunidade cristã cresceu 1,4% em 2020 e contava com cerca de 182 mil pessoas. Oitenta e quatro por cento dos cristãos disseram estarem satisfeitos com a vida em Israel: 24% disseram estarem "muito satisfeitos" e 60% "satisfeitos". Israel é um dos poucos países do Oriente Médio onde os cristãos se sentem seguros e onde o seu número está aumentando. Diametralmente oposto, em 2022, cerca de 1.100 cristãos viviam na Faixa de Gaza, menos dos mais de 1.300 em 2014.

Os líderes cristãos que dão as costas à situação dos cristãos na Faixa de Gaza, ou em qualquer outro lugar, enquanto continuam obcecados com Israel, estão causando enormes danos aos seus rebanhos: longe da atenção do público, os cristãos serão alvo de ataques mais ferozes do que nunca. Pior do que isso, aqueles que ignoram os ataques aos cristãos estão dando luz verde ao Hamas, ao Hisbolá e a outros islamistas para que destruam locais sagrados dos cristãos e os assassinem .

Bassam Tawil, é árabe muçulmano, radicado no Oriente Médio.

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Fonte:https://pt.gatestoneinstitute.org/20305/lideres-cristaos-ignoram-ataques 

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