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18 de jan. de 2024

O Departamento de Estado dos EUA sanciona por motivação política o ex-presidente conservador da Guatemala

Alejandro Giammattei



O ex-presidente Alejandro Giammattei foi designado pelo Departamento de Estado como inelegível para entrar no seu território devido ao “seu envolvimento em corrupção significativa”.

Após anos de interferência dos EUA na Guatemala por meio de organismos como a CICIG, criado com o ex-presidente Óscar Berger – um liberal ligado a Washington – em 2006, os EUA estão usando toda influência de anos para tentar minar a oposição guatemalteca e manter no páreo os seus líderes prediletos. Giammattei, um político conservador e evangélico, é a bola da vez, por seus anos de resistência à interferência dos EUA e outros órgãos internacionais nos assuntos internos do país e pela sua promoção de agendas conservadoras e pró-vida.

Os EUA sempre regaram a dinheiro os governos centro-americanos, não na esperança de que parassem com a imigração ilegal oriunda de seus países e países terceiros, mas porque muitas vezes esses governos eram governos de esquerda, que aceitavam a orientação de políticas de Washington sobre sua política externa concernente aos direitos humanos, e questões reprodutivas. Os EUA sempre usaram seus programas de ajuda internacional para pressionar e até comprar a lealdade dos líderes a essas agendas. É um financiamento condicional, onde os países que são na sua maioria mal-administrados e corruptos devem se sujeitar ao itinerário da política externa norte-americana, de modo a manter dólares fluindo, não para o povo, mas para os cofres dos líderes e partidos políticos.

A administração Biden era contra as políticas pró-vida do ex-presidente guatemalteco Alejandro Giammattei. A administração Biden defende o direito ao aborto e condenou as políticas de Giammattei, que incluíam a proibição do aborto em todos os casos, incluindo estupro, incesto e risco de vida para a mãe.

Em 2021, a administração Biden suspendeu a ajuda dos EUA à Guatemala por causa das políticas de Giammattei. A suspensão foi posteriormente suspensa, mas a administração Biden continuou a criticar as políticas de Giammattei.

Em um discurso em 2022, o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, disse que as políticas de Giammattei "violam os direitos humanos das mulheres e meninas". Blinken disse que as políticas "fazem com que as mulheres e meninas sejam mais vulneráveis à violência, ao abuso e à morte".

A administração Biden também pressionou Giammattei a rever as políticas de aborto. Em 2022, o governo dos EUA anunciou que forneceria US$ 10 milhões à Guatemala para ajudar a melhorar a saúde sexual e reprodutiva das mulheres. O governo dos EUA disse que o dinheiro seria usado para fornecer educação sexual, acesso a contraceptivos e serviços de aborto seguro.

Giammattei resistiu à pressão da administração Biden. Ele disse que as políticas de aborto da Guatemala eram necessárias para proteger a vida.

As políticas pró-vida de Giammattei foram bem recebidas entre os conservadores pró-vida na Guatemala e em todo o mundo. No entanto, as políticas foram criticadas por grupos de direitos humanos e organizações abortistas, bem como ONGs e fundações internacionais. 

Os EUA têm interferido no sistema de justiça da Guatemala desde 2006, ainda na administração Bush e desde então essa interferência só se intensificou. A imigração desenfreada da América Central abriu duas oportunidades para os políticos americanos: a primeira é por meio de financiamento as "causas raiz" nos países de origem ou trânsito da imigração, pelo qual eles podem pressionar os países a se sujeitar à sua agenda. Eles fazem isso por meio da USAID, e outros organismos, e é assim que conseguem pressionar pelo avanço de agendas como o aborto em países de terceiro mundo, através do patrocínio direto. Trump cortou esses subsídios na sua administração para todo o mundo, mas Biden a retomou após tomar o poder. A segunda oportunidade é usar a imigração para enfraquecer os estados republicanos onde eles não obtém voto, e em seguida, permitir que esses imigrantes sejam deportados para estados democratas onde eles esperam legalizar a possibilidade de voto, para que eles possam somar eleitores nas eleições. São dois coelhos em uma cajadada só. 

Agora "o ex-presidente Alejandro Giammattei foi designado pelo Departamento de Estado como inelegível para entrar no seu território, devido ao 'seu envolvimento em corrupção significativa', com base em informações credíveis que indicam que o ex-Presidente aceitou subornos em troca do desempenho das suas funções públicas, durante o seu mandato, que terminou este domingo com a tomada de posse de Bernardo Arévalo de León", segundo o jornal La Prensa da Guatemala. Além disso, o Departamento ainda afirma que faz isso contra indivíduos que alegam "se envolverem em atividades corruptas ou por minarem a democracia, ou o Estado de direito na Guatemala", as quais dizem ser responsáveis pela imigração irregular e pela pobreza extrema. No entanto, até o momento em que estou redigindo este texto não há nenhuma acusação formal que tenha sido consolidada em condenação do ex-presidente Giammattei na Guatemala, nem mesmo os membros do Partido dos Procuradores, Semilla, conseguiram fazer isso, tal como Thelma Aldana, ex-procuradora corrupta que fez parte do movimento, mas fugiu do país após ela própria ser acusada de corrupção. Aldana foi uma das que mais acusou o ex-presidente de ser corrupto, no entanto, seus inquéritos nunca levaram a condenação, e ela fez parte de um partido recheado de procuradores anticorrupção que usaram essa agenda para se lançarem na política, tal como um certo ex-juiz e ex-procurador do nosso país. 

Esse é outro método pelo qual os EUA e os organismos internacionais estão interferindo nos países de terceiro mundo: o combate à corrupção e à atividade criminosa. A Transparência Internacional é um dos organismos mais celebrados por procuradores e juízes de todo o mundo, como um órgão que destaca as medidas de transparência em países onde as instituições são consideradas vulneráveis e falhas, e ela não só dita como proceder em casos de corrupção, mas engaja a realocação de recursos recuperados para causas sociais. Foi assim que órgãos internacionais de combate à corrupção passaram a usar o dinheiro da corrupção, muitas vezes de esquemas de partidos e governos de esquerda, para financiar causas de esquerda. Por isso, quanto mais envolvidas com entidades internacionais nossas agências estatais estiverem, mais chances delas estarem fazendo o serviço sujo de agendas estrangeiras elas estarão. 

Pouco antes de sancionar o próprio Giammattei, o Departamento de Estado sancionou os filhos do ex-presidente, Ana Marcela Dinorah, Alejandro Eduardo e Stefano Giammattei Cáceres, por obviamente serem filhos do inquirido. Biden está usando o Departamento de Estado ao seu bel-prazer para minar seus adversários externos, em países onde ele cultiva aliados na extrema-esquerda. Se as coisas continuarem assim, não demorará para que Giammattei seja pedido para extradição por um capricho do Departamento de Estado, sob as mais fracas acusações, para servir de exemplo para outros opositores que ousem resistir à agenda de Washington. Os EUA, por outro lado, não pedem a extradição de Maduro, cuja atividade com o narcotráfico é reconhecida, e Evo Morales, também envolvido em tais atividades, as quais são responsáveis pela entrada de drogas nos EUA. Mas nenhum líder é mais notório de ser poupado do que Rafael Correa, o ex-presidente do Equador que está exilado na Bélgica, e foi responsável pela degradação do sistema de segurança do Equador, com anistia a traficantes, e até a institucionalização de organizações criminosas. Enfim, essa é mais uma prova de como governos estrangeiros estão impondo sua vontade sobre a nossa, e com desculpas de salvar algo que eles mesmos gostariam de pôr porta fora: a democracia.

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