LDD, 29/11/2023
O Presidente eleito confirmou que Caputo ficará à frente da pasta da Economia a partir de 10 de dezembro. Sua notável experiência em finanças foi fundamental na definição de sua nomeação para um cargo tão importante. O primeiro desafio de Caputo será o desmantelamento do passivo remunerado do Banco Central.
O presidente Javier Milei confirmou que o economista Luis Caputo tomará posse no dia 10 de dezembro como o próximo ministro da Economia do país. A decisão responde fundamentalmente à reconhecida carreira do economista no mundo das finanças, bem como à sua experiência no Banco Central durante o desarmamento do Lebac em 2018.
A condição necessária e indispensável para que a dolarização da economia se realize sem incorrer num choque traumático para a sociedade, é o desarmamento dos passivos remunerados do Banco Central, o saneamento da instituição, e a unificação e liberalização do mercado cambial. Sem estes três elementos, a dolarização é impraticável.
A tarefa de Luis Caputo a partir de 10 de dezembro será abordar estes três eixos e encontrar soluções concretas o mais rapidamente possível. A reação dos mercados à nomeação de Caputo não responde ao fato de a dolarização ir ser adiada ou mesmo cancelada, mas muito pelo contrário: agora é mais viável realizá-la num cenário mais amigável, esclarecendo dúvidas e incertezas.
Caputo é amplamente reconhecido por sua experiência em Wall Street e no JP Morgan, ganhando o apelido de “o Messi das finanças” em seu círculo mais próximo. Como Secretário da Fazenda desde 2015, sua gestão conseguiu uma renegociação bem-sucedida de dívidas com diversos credores internacionais (muitos desses “fundos abutres”), e conseguiu colocar financiamento de longo prazo em dólares, apesar da desconfiança histórica sobre a capacidade de pagamento da Argentina.
Como presidente do Banco Central, liderou o desarmamento do Lebac através da emissão do Leliq. Um instrumento que poderia ser obtido por qualquer pessoa ou empresa foi trocado por outro que só os bancos podem comprar, reforçando assim os mecanismos de controle na renovação da dívida paga. A sua saída da instituição ocorreu por divergências internas com os quadros do FMI, uma vez que Caputo considera importante intervir no mercado cambial para evitar volatilidades num contexto de desconfiança.
Sua carreira será necessária para obter recursos no exterior para realizar o resgate do passivo remunerado do BCRA e a reestruturação da própria instituição.
Os quatro anos de gestão do Governo Kirchnerista deixam um rácio de passivos remunerados numa base monetária de 334%, o maior da história argentina (bem acima dos 280% observados em 1989).
O presidente Milei alertou para um processo de transição com estagflação que poderá durar entre 18 e 24 meses, antes que a economia se estabilize definitivamente do processo de dolarização.
A nomeação de Caputo mantém o objetivo fundamental de limitar ao máximo esta transição, atraindo novos recursos do exterior. O apoio do Fundo Monetário Internacional (FMI) poderá ser decisivo para o desenvolvimento do processo, não só ao viabilizar o fundo de resiliência colocado no BCRA mas também ao abrir novas linhas de financiamento.
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