Projeto de ID digital da MasterCard está sendo usado por governos para monitorar conformidade de saúde e vacina

RTN, 25/10/2023 

Por Ken Macon 

Como o projeto de identificação digital da Mastercard está sendo usado pelos governos para monitorar a saúde e a vacinação

Nas contínuas buscas tecnológicas da Mastercard, parece haver uma agenda de consolidação do domínio digital. O chamado projeto “Community Pass”, liderado por Tara Nathan, vice-presidente executiva da Mastercard, pretende integrar comunidades marginalizadas no mundo digital. No entanto, com apenas 3,5 milhões de usuários até agora, os céticos dos planos de identificação digital podem questionar-se sobre o seu real alcance e intenções.

A recente aparição de Nathan no podcast patrocinado pela empresa “What's Next In” elogiou os supostos méritos do Community Pass. Lançada em 2019, esta plataforma fornece ostensivamente aos indivíduos da África Subsaariana e da Ásia-Pacífico uma identificação digital, e uma carteira, permitindo-lhes acesso a serviços como benefícios governamentais e assistência humanitária.

Nathan foi eloquente sobre os supostos benefícios da digitalização para as economias em desenvolvimento. Mas a sua ênfase no uso de canais digitais offline para supostamente capacitar indivíduos marginalizados levanta sobrancelhas. Será este mais um caso de uma empresa multinacional que tenta vender as suas soluções tecnológicas a comunidades inocentes sob o pretexto de altruísmo?

Embora elogiem a ajuda aos agricultores com o seu sistema de identidade digital, não podemos deixar de questionar os motivos subjacentes. Será este apenas um método para explorar os vastos e subexplorados mercados das zonas rurais? O Community Pass parece ser menos uma inspiração de seus empreendimentos humanitários de dinheiro móvel anteriores, e mais uma extensão de seu controle financeiro global.

Nathan estava ansioso para falar sobre os vários componentes do Community Pass – Farm Pass, Wellness Pass e Commerce Pass. Cada um parece feito sob medida para enfrentar desafios específicos. Por exemplo, o Farm Pass supostamente ajuda os agricultores a ganhar visibilidade e um histórico de crédito. No entanto, esta interferência digital pode ser apenas um estratagema para se infiltrar nos mercados locais e ditar os termos.

A iniciativa Wellness Pass parece particularmente estranha. Embora esteja posicionado como um sistema para monitorar a distribuição de vacinas, não existe um risco claro de rastrear os dados pessoais de saúde dos indivíduos? Mesmo que instituições como os Ministérios da Saúde da Etiópia e da Mauritânia a apoiem, as implicações mais amplas não podem ser ignoradas.

O seu objetivo de expandir o alcance do Community Pass para mais de 30 milhões de pessoas até 2027 parece mais uma conquista corporativa, do que um esforço genuíno para ajudar. As preocupações com a privacidade do projeto são evidentes. As identidades digitais, sob o pretexto de progresso, poderão muito bem se transformar em ferramentas de vigilância invasiva, colocando em risco os próprios direitos das pessoas que afirmam promover.

A sua recente certificação ID2020 pode atestar a sua intenção de oferecer inclusão financeira e serviços de identidade digital, mas com o ritmo implacável da tecnologia, há uma extrema necessidade de regulamentações rigorosas. Os decisores políticos devem ser cautelosos e garantir que tais iniciativas não comprometam as liberdades dos indivíduos sob o pretexto da inclusão e do chamado progresso.

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Fonte:https://reclaimthenet.org/mastercards-digital-id-project-is-being-used-by-governments