BTB, 18/08/2023
LONDRES (AP) - Uma enfermeira neonatal em um hospital britânico foi considerada culpada de matar sete bebês e tentar matar outros seis.
Lucy Letby, de 33 anos, foi acusada de homicídio pela morte de cinco meninos e duas meninas e tentativa de homicídio de cinco meninos e cinco meninas, quando trabalhava no hospital Countess of Chester, no noroeste da Inglaterra, entre 2015 e 2016.
Ela foi acusada de prejudicar deliberadamente os recém-nascidos de várias maneiras, inclusive injetando ar em suas correntes sanguíneas e administrando ar ou leite em seus estômagos por meio de sondas nasogástricas.
Ela também foi acusada de envenenar bebês ao adicionar insulina à alimentação intravenosa e interferir nos tubos respiratórios.
Um júri de sete mulheres e quatro homens deliberou por 22 dias antes de chegar ao veredicto. Um jurado foi dispensado das deliberações por motivos pessoais e o juiz mais tarde deu aos 11 jurados restantes a opção de chegar a um veredicto com 10 pessoas de acordo, em vez de uma decisão unânime.
Letby negou todas as acusações. Ela foi considerada inocente de uma acusação de tentativa de homicídio e o júri não conseguiu chegar a um veredito sobre várias outras.
Alguns dos vereditos foram anunciados no tribunal no início do mês, mas o juiz impôs a proibição de publicá-los até que as deliberações fossem concluídas. Letby lutou contra as lágrimas em 8 de agosto, quando o júri a considerou culpada de duas acusações de tentativa de homicídio e começou a chorar quando ela deixou o tribunal. Mais recentemente, ela se recusou a comparecer ao tribunal quando vereditos adicionais foram anunciados.
Durante o longo julgamento, que começou em outubro passado, os promotores disseram que o hospital em 2015 experimentou um aumento significativo no número de bebês que estavam morrendo, ou sofrendo de deterioração súbita em sua saúde sem motivo aparente. Alguns sofreram “sérios colapsos catastróficos”, mas sobreviveram após a ajuda da equipe médica.
Eles alegaram que Letby estava de plantão em todos os casos e a descreveram como uma “presença malévola constante” na unidade neonatal quando as crianças desmaiavam ou morriam. Eles disseram que a enfermeira machucou os bebês de maneiras que não deixaram muitos vestígios e que ela convenceu seus colegas de que os colapsos e as mortes eram normais.
O primeiro bebê supostamente visado por Letby foi um menino nascido prematuro que morreu com um dia de vida, em junho de 2015. Os promotores alegaram que a enfermeira injetou ar em sua corrente sanguínea.
A polícia lançou uma investigação sobre as mortes de bebês no hospital em maio de 2017. Letby foi presa três vezes em conexão com as mortes antes de ser acusada em novembro de 2020.
Os promotores disseram que um bilhete encontrado na casa de Letby depois que ela foi presa em 2018, no qual ela escreveu “Eu sou má, fiz isso” era “literalmente uma confissão”.
Seu advogado de defesa argumentou que ela era uma enfermeira “trabalhadora, dedicada e atenciosa” que amava seu trabalho e que não havia provas suficientes de que ela cometeu qualquer um dos supostos atos prejudiciais.
O advogado disse que os colapsos súbitos e as mortes das crianças podem ter ocorrido devido a causas naturais ou em combinação com outros fatores, como falta de pessoal no hospital ou falha de outras pessoas em fornecer os cuidados adequados.
Ele também afirmou que quatro médicos seniores colocaram a culpa em Letby para encobrir falhas na unidade neonatal.
Letby testemunhou por 14 dias, negando todas as acusações de ter machucado intencionalmente qualquer bebê.
“Eu sempre fiz o meu melhor para cuidar deles”, ela testemunhou. “Estou lá para cuidar e não prejudicar.”
Ela chorou às vezes e defendeu a coleção de registros médicos que mantinha em casa sobre alguns dos bebês sob seus cuidados.
“Eu não mereço viver”, ela escreveu em um bilhete verde mostrado no tribunal. “Eu os matei de propósito porque não sou boa o suficiente para cuidar deles.”
“Sou uma pessoa horrível e má”, escreveu ela. “EU SOU MÁ, EU FIZ ISSO.”
Seu advogado defendeu as notas como os escritos angustiados de uma mulher que havia perdido a confiança em si mesma e se culpava pelo que havia acontecido na enfermaria.
“Uma nota diz 'não sou boa o suficiente'”, disse o advogado de defesa Ben Myers. “Para quem ela escreveu isso? Ela não escreveu isso para nós, para a polícia ou para este processo. Essa é uma nota para ela mesma. Escrevendo para si mesma.”
Artigos recomendados: Feminismo e NHS
Nenhum comentário:
Postar um comentário