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5 de abr. de 2023

Primeira vacina contra o COVID-19 produzida na Argentina em ensaios clínicos finais




BAH, 04/04/2023 



Por Valen Iricibar 



O ARVAC-Cecilia Grierson está sendo produzido inteiramente na Argentina

A primeira vacina da Argentina contra o COVID-19, a ARVAC-Cecilia Grierson, está atualmente na fase final da fase clínica e procura voluntários em todo o país para concluir o processo. Está sendo produzido inteiramente na Argentina e foi projetado para proteger contra as variantes do COVID-19 presentes na região.

A vacina está sendo desenvolvida pela Universidade Nacional de San Martín, o Conselho Nacional de Pesquisas Científicas e Técnicas (CONICET) e o laboratório privado Cassará. Também recebeu apoio da Agência Nacional de Fomento à Pesquisa, Desenvolvimento Tecnológico e Inovação, dependente do Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação da Argentina.

Poderíamos ter nos contentado com vacinas importadas, mas vimos que todos os países que as desenvolveram já o faziam há 30 anos e não apenas em caráter de urgência”, disse Juliana Cassataro, líder do projeto de vacinas e pesquisadora do CONICET.

Isso, além da maneira como o COVID-19 continua mutando, nos convencemos de que valia a pena abordar isso como um projeto de longo prazo.”

A vacina ARVAC-Cecilia Grierson, ao contrário de outras vacinas COVID-19, está sendo desenvolvida como uma vacina de proteína recombinante. Existem dois tipos de vacina: a monovalente (que combate uma variante por vez) e a bivalente (duas variantes, neste caso, a Gama e a Omicron). Os ensaios de Fase I testaram a vacina monovalente e a consideraram segura. A fase II/III é definida para comparar os dois tipos, introduzindo a vacina bivalente e testando sua eficácia.

Cassataro disse ao Herald (jornal) que a Argentina já tinha a infraestrutura necessária para produzir a vacina – um forte setor farmacêutico, fábricas de embalagens, pesquisadores clínicos e uma agência reguladora – mas eles “não estavam interligados antes que a pandemia criasse essa necessidade urgente”.

A experiência da Argentina na obtenção de vacinas foi muito traumática”, disse Jorge Cassará, membro do conselho do laboratório Cassará. “Ter a possibilidade de estabelecer uma base a partir da qual podemos processar e criar vacinas nos dá esperança de que, se houvesse outra pandemia, poderíamos estar em uma boa posição para combatê-la.

É muito bom mostrar que a Argentina pode desenvolver inovações em saúde, o que é importante tanto do ponto de vista sanitário quanto econômico”, afirmou o empresário.


Laboratório Cassará. Imagem principal: equipe da UNSAM trabalhando na vacina


Cassará disse ao Herald que o relatório inicial da fase 1 da fase II/III está previsto para o final de abril e a fase 2 deve ser concluída até junho. Ele disse que havia matéria-prima suficiente para criar 4 milhões de doses e, se aprovado, o primeiro lote ficaria em torno de 500 mil doses.

Apesar dos resultados promissores, há preocupações em encontrar voluntários para a última fase dos ensaios clínicos. Os voluntários podem se inscrever no site da ARVAC. Eles devem ter mais de 18 anos e ter recebido no máximo três vacinas contra a covid-19 – ou seja, totalmente vacinados com uma dose de reforço. Não há limite máximo de idade e os voluntários podem ter alguma comorbidade.

Precisamos de 1.800 voluntários para esta fase e neste momento temos mil que se inscreveram mas cerca de metade deles tem mais de três vacinas”, disse Cassará. “Portanto, na prática, precisamos de mais cerca de mil voluntários.

Cassataro enfatizou que ter uma vacina local contra o COVID-19 era fundamental para combater uma doença com variantes múltiplas e altamente contagiosas que podem se espalhar.

A Covid está sempre mudando e às vezes se espalha em certas regiões e não em outras, por isso é importante ter uma vacina pronta para uso”, disse ela. “Esta vacina é para bebês que vão nascer em um mundo com COVID-19 e grupos de risco que precisam de reforços anuais”.

A vacina recebeu o nome de Cecilia Grierson, a primeira mulher argentina a se formar em medicina pela Universidade de Buenos Aires em 1889, apesar da forte oposição. Uma proeminente socialista e feminista, ela fundou a primeira escola de enfermagem do país.

Tem muita mulher na área médica e biológica e quando começamos a procurar um nome pensamos que deveria ser médica porque, na pandemia, elas estavam na linha de frente”, disse Cassataro.

Tudo foi difícil para ela e ela criou tantos projetos sobre questões que nos representam – achamos que era um bom nome para as pessoas procurarem, lembrarem e aprenderem.”

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Fonte:https://buenosairesherald.com/society/science-innovation/argentinas-first-covid-19-vaccine-in-final-clinical-trials 

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