Euronews, 23/03/2023
Os líderes da União Europeia (UE) aprovaram nesta quinta-feira, um pacote de dois mil milhões de euros de fundos europeus [do contribuinte] para fornecer munições de artilharia à Ucrânia.
Metade será usado para transferir stocks existentes nos arsenais dos Estados-membros e a outra metade para aquisição conjunta no mercado.
Uma boa notícia para o presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskyy, que se voltou a juntar à cimeira por videoconferência, pedindo a entrega urgente de armas. A ajuda deverá ser providenciada ao longo de 12 meses.
Zelenskyy agradeceu aos líderes a iniciativa e também pediu aos líderes que entregassem aviões modernos e mísseis de longo alcance para ajudar a resistência ao ataque russo.
De acordo com várias estimativas, a Ucrânia está a disparar seis mil a sete mil munições de artilharia por dia, cerca de um terço do total disparado pela Rússia.
A Hungria disse que não participará na entrega de munições à Ucrânia, citando o seu compromisso para com a paz, mas disse que não impediria outros membros de o fazerem.
No mês passado, o primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán, disse que a UE foi parcialmente culpada por prolongar a guerra da Rússia na Ucrânia, sancionando a Rússia e fornecendo à Ucrânia dinheiro e armas, em vez de procurar negociar a paz com Moscovo.
Os líderes da UE discutiram, também, a possibilidade de transferir mais 3,5 mil milhões de euros para o Mecanismo Europeu para a "Paz", que reembolsa os Estados-membros que fornecem armas, munições e apoio militar à Ucrânia.
Desafio económico para UE e para o mundo
O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, juntou-se aos líderes da UE num almoço, tendo descrito a situação global como sombria, com o mundo a enfrentar uma "tempestade perfeita" em muitas partes do mundo.
"Mais fome, mais pobreza, menos educação, menos serviços de saúde. E é evidente que o nosso sistema financeiro internacional não está apto a enfrentar um desafio tão grande", disse Guterres aos jornalistgas.
Os líderes da UE debateram, ainda, a competitividade do bloco e a sua resposta à Lei de Redução da Inflação dos EUA, através do Plano Industrial do Pacto Ecológico, para ter 40% da tecnologia crucial para combater as alterações climáticas, tais como painéis solares e turbinas eólicas, construídas dentro das suas próprias fronteiras, até 2030.
A polémica dos veículos com motores de combustão
Um tema controverso que não estava na agenda mas foi levantado pela primeira-ministra de Itália, Giorgia Meloni, é a legislação para deixar de fabricar veículos com motor de combustão a partir de 2035, que já tinha sido aprovada pelo Parlamento Europeu.
A Itália é um dos países que apoiou o pedido da Alemanha para que a Comissão Europeia criasse uma exceção para os carros que usam combustíveis sintéticos e à base de plantas, apesar do diploma já ter sido considerado fechado por todos os 27 países.
"Concordamos com os objetivos da transição ecológica, mas pensamos que não compete à UE decidir quais as tecnologias que devem ser utilizadas para alcançar esses objetivos", disse Meloni aos jornalistas.
Como é considerada uma das peças-chave do Pacto Ecológico Europeu, o impasse provocou uma rara intervenção da presidente do Parlamento Europeu, Roberta Metsola, que enviou uma carta ao Conselho Europeu, avisando que o bloqueio "poderia minar a credibilidade do processo legislativo e correr o risco de minar a confiança entre os co-legisladores".
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