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26 de jun. de 2022

Paraguai – o caso do promotor anti-Hezbollah assassinado na Colômbia: possíveis ligações com o vice-presidente e o avião venezuelano-iraniano

Mario Abdo Benítez o homem forte do Hezbollah


O presidente paraguaio, Mario Abdo Benítez, encontra-se cada vez mais em uma situação delicada tanto no país, quanto internacionalmente. Apesar dele ter reconhecido o Hezbollah como uma organização terrorista em 2019, o presidente paraguaio tem em seu entorno pessoas de índole no mínimo questionáveis, e que colocam em dúvida o seu próprio caráter como líder político da nação. O seu vice presidente, Hugo Velásquez, está sendo exposto pela mídia paraguaia como o homem forte do Hezbollah no governo, pelo fato de ter intrínseca relação com clérigos xiitas, e ter sido procurador na região de Ciudad del Este, na fronteira entre Brasil e Paraguai. 

O presidente da Colômbia, Iván Duque, anunciou nesta sexta-feira (3), a captura de "todos os envolvidos" na morte do promotor paraguaio Marcelo Pecci - conhecido por sua luta contra o crime organizado -, ocorrida em 10 de maio durante uma viagem de lua de mel ao país. O anúncio foi feito por vídeo, de Washington, onde Duque está em viagem oficial. [pg 1]

 

Especializado em crime organizado, tráfico de drogas, lavagem de dinheiro e financiamento do terrorismo, Pecci havia investigado o Primeiro Comando da Capital (PCC) - com presença no Paraguai - e Comando Vermelho (CV), além de libaneses envolvidos com lavagem de dinheiro na Tríplice Fronteira com Brasil e Argentina. Três destes últimos foram condenados à extradição para os EUA, acusados de injetar capital no movimento armado xiita Hezbollah. [pg 9]

Para piorar recentemente um avião venezuelano com tripulação mista de iranianos fez escala no Paraguai, onde sua tripulação fez visita a Ciudad del Este, um enclave onde o Hezbollah e várias organizações criminosas lavam dinheiro e fazem negócios. Velásquez foi procurador da região, e é conhecido por todos como tendo amizade com boa parte do empresariado corrupto de origem libanesa de lá. Mas como se a situação do avião não fosse o suficiente mais acontecimentos que comprovam a a sua ligação com o grupo terrorista surgiram: um procurador paraguaio foi morto por encomenda na Colômbia por assassinos colombianos e venezuelanos, em 10 de maio. O procurador em questão era Marcelo Pecci, que era conhecido por ter investigado vários casos envolvendo o PCC e o Hezbollah. Casos em que ele esteve envolvido acabaram até mesmo em extradição de criminosos associados e terroristas.

Tudo isso aconteceu em menos de um mês, exatamente quando a aeronave venezuelana fez tour pela América Latina, tendo feito paradas no México, no Paraguai – inclusive com os tripulantes visitando Ciudad del Este –  e depois na Argentina, onde foi detido. Antes disso, eles tentaram sem sucesso uma parada no Uruguai, mas as autoridades de lá rejeitaram sua aterrissagem. As autoridades colombianas prenderam os suspeitos, três colombianos e dois venezuelanos. Então nós temos aqui os seguintes fatos contra o presidente e seu vice: um procurador que fez investigações relacionadas ao Hezbollah foi assassinado na Colômbia, por venezuelanos e colombianos; o vice-presidente paraguaio tem envolvimento direto com empresários da região da Tríplice Fronteira, muitos deles de ascendência libanesa, e ligados ao Hezbollah; o vice-presidente viajou e teve encontro com líderes religiosos e políticos do Hezbollah no Líbano; e quando o avião com tripulação iraniana aterrissou no Paraguai, os tripulantes se dirigiram justamente para a região onde o vice-presidente atuou como procurador local. 

Devemos ressaltar aqui a participação dos venezuelanos, porque eles estão longe do Paraguai, e mesmo que levemos em conta somente o serviço de assassino de aluguel, não podemos esquecer que no caso do assassinato do presidente haitiano, Jovenel Moise, havia um grande número de colombianos, e os demais assassinos eram de dupla nacionalidade haitiana e americana. Neste caso, nós temos especificamente venezuelanos envolvidos, justo quando se sabe que na Venezuela há células do Hezbollah ativas tanto quanto em Ciudad del Este, no Paraguai. E o caso do avião no mesmo mês faz a coisa ganhar uma dimensão e tanto. O presidente paraguaio que assumiu o cargo em 2018, teve como primeira ação o retorno de sua embaixada em Jerusalém de volta a Tel Aviv, depois que seu antecessor, Horácio Cartes, mudou a embaixada paraguaia para lá. A desculpa que Abdo deu para isso foi que suas ações eram para que “se intensifiquem os esforços diplomáticos regionais e internacionais a fim de alcançar uma paz ampla, justa e duradoura no Oriente Médio”. 

Essa ação foi um tanto estranha para muitos na época, porque o presidente paraguaio se considera um católico romano, e portanto, isso o impediria de ver essa aproximação como um mal. Depois disso, ele tentou dar razões econômicas, mas que soaram tão insossas quanto as primeiras. Mas agora que ficou provado as ligações dele e de seu vice com empresários corruptos e financiadores do Hezbollah, tudo passa a fazer mais sentido: seu reconhecimento do Hezbollah como organização terrorista foi apenas um ato de relações públicas, para tentar minimizar seu favorecimento na política externa aos grupos xiitas que financiaram sua campanha. 

Ele, por sua vez, retribuiu antecipadamente os seus amigos devolvendo a embaixada para Tel Aviv, em um sinal claro de que não queria uma aproximação com Israel. Desde o princípio, eu achei essas ações dele muito fora da curva e fiquei com essa cisma desde então. Eu só não esperava que fosse ser envolvendo um caso tão grande, e que ocorreu em um curto espaço de tempo. Em pouco tempo, Mario Abdo Benítez e seu capacho vice-presidente provaram que o único presidente conservador na região é o nosso, e que ele por debaixo dos panos está agindo contra os nossos interesses, pois o Hezbollah atua principalmente com as facções criminosas, e ao dar guarita aos seus empresários corruptos, ele ajuda as drogas a entrarem em nosso território. Mario Abdo Benítez ofereceu sua política externa aos estados árabes patrocinadores do terrorismo. A relação de Abdo e seus comandados com o crime já está mais do que dando sinais, ela é praticamente uma cidade de neon. 

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