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19 de jun. de 2022

Líbano à beira de crise alimentar e protestos anti-inflacionários na Irlanda



Líbano à beira de crise alimentar 


Euronews, 19/06/2022 



A guerra na Ucrânia, país considerado celeiro da “Europa”, tem levado a inúmeras restrições na exportação de trigo e outros cereais, que permanecem retidos no Porto de Odessa. Os agricultores ucranianos procuram agora novas soluções para a comercialização do produto, que se mantém à espera nos armazéns.

Maksim Vorobyov, agricultor ucraniano, diz que procura novas soluções para escoar os cereais.

 

"Gostaríamos que nos organizássemos para descobrir um especialista em logística, para nos ajudar ou juntar várias pequenas quintas na compra de meios de transporte para que possamos escoar nós mesmos a produção"

Maksim Vorobyov 

Agricultor ucraniano

O conflito na Ucrânia afetou vários países, entre eles o Líbano, que importa 90% de trigo do estrangeiro. Cerca de 65% provém da Rússia e Ucrânia.

Emin Selam, ministro do Comércio do Libano, mostrou-se preocupado com as reservas de trigo do país, mas diz que procura soluções junto do Banco Mundial, da Ucrânia e de outros países.

"Temos agora no país cerca de 40 mil toneladas de trigo. É uma situação muito desafiante porque o Líbano perdeu as reservas nacionais, após a explosão no porto de Beiture"

Emin Selam 

Ministro do Comércio do Libano

A guerra entre a Rússia e a Ucrânia, que dura há já 5 meses, provocou um aumento dos preços do pão no Líbano, Líbia e Egipto.

O dono de uma pastelaria libanesa diz que o problema entre a Rússia e a Ucrânia tem impacto no país, mas que o principal problema é o facto de não terem dólares.

Em abril, várias padarias fecharam portas devido ao aumento do preço dos bens e à crise de abastecimento de trigo. De acordo com as autoridades libanesas, se a compra de trigo for interrompida durante um mês, o país enfrentará uma crise de pão.



Centenas de irlandeses manifestam-se contra a inflação 


Nas últimas décadas, a Irlanda tornou-se um dos países mais caros da Europa. Os recentes aumentos dos combustíveis, alimentação, rendas de casa e energia deixaram muitos trabalhadores com poucos rendimentos. No sábado, centenas de pessoas saíram às ruas em Dublin para expressarem o seu descontentamento.

Um eletricista reformado presente na manifestação diz que tem um complemento para compensar o dinheiro que, sublinha, lhe foi “_roubado_” da pensão pelo governo. E acrescenta que os reformados estão a ser vítimas de abusos financeiros por parte do Estado.

Na Irlanda, todas as profissões estão a ser afetadas pelo aumento do custo de vida. Muitos enfermeiros estão a abandonar o setor.

Phil Ní Sheaghdha, representante do Sindicato dos Enfermeiros da Irlanda, defende que é muito difícil manter enfermeiros e parteiras, em particular nos grandes centros urbanos, uma vez que o custo do aluguel das casas transportes representa mais de metade dos salários.

Phil acrescenta que existe um problema com o recrutamento de enfermeiros vindos de países de fora da União Europeia. Para além disso, diz, há outro problema que se prende com o facto das pessoas não conseguirem arranjar alojamento perto do local onde trabalham.

Manifestantes pedem ao governo orçamento de emergência

Os funcionários públicos também estão a lutar para sobreviver devido à crise do custo de vida. "Eoin Ronayne," representante do sindicato Forza, que dá voz a vários serviços públicos, salienta que para muitos dos membros que têm salários mais baixos, a renda da casa é um grande problema. O responsável reitera ainda que muitos jovens não conseguem pagar as rendas nem comprar casa própria, um cenário agravado pelo aumento do preço dos alimentos e energia.

Os organizadores deste protesto defendem que um orçamento de emergência do governo é crucial para impedir que uma situação que já é difícil, se agrave.

"As pessoas já perderam milhares em rendimentos. Temos um número recorde de pessoas sem abrigo.Temos pessoas a fazer escolhas entre aquecimento e comida"

Richard Boyd-Barrett 

Membro do partido People Before Profit

Richard Boyd-Barrett, membro do partido político People Before Profit, recorda que as pessoas já perderam milhares de euros em rendimentos na Irlanda e lembra o número recorde de sem abrigo.

O político defende também um pacote urgente de medidas para lidar com o preço do aluguer das casas, com o aumento dos preços dos bens básicos e energia e também para assegurar que os aumentos salariais correspondam à inflação.

Ken Murray, jornalista da Euronews, explica que este protesto em Dublin é reflexo do descontentamento dos irlandeses, que se revoltam, cada vez mais, devido ao aumento do custo de vida e à diminuição dos rendimentos.

Ken Murray diz mesmo que os protestos vão continuar se o governo não introduzir um pequeno orçamento, à medida que o inverno se aproxima.

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Fonte:https://pt.euronews.com/

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