LEP, 21/06/2022
O Governo de Juan Manuel Santos e o ELN iniciaram negociações de paz em Quito em fevereiro de 2017, que em maio de 2018 foram transferidas para Havana.
Os guerrilheiros do Exército de Libertação Nacional (ELN) falaram nesta segunda-feira sobre a vitória do esquerdista Gustavo Petro nas eleições de domingo na Colômbia, garantindo que mantêm sua "luta e resistência política e militar", mas também que estão dispostos a buscar a paz.
"O ELN mantém ativo seu sistema político e militar de luta e resistência, mas também sua plena disposição de avançar em um Processo de Paz que dê continuidade à Mesa de Conversações iniciada em Quito em fevereiro de 2017", disse o grupo guerrilheiro em comunicado através do seu Comando Central (COCE).
Petro, que ganhou a eleição com quase 11,3 milhões de votos (50,44%) contra quase 10,6 milhões (47,31%) de seu rival, o populista Rodolfo Hernández, se mostrou aberto a negociar com o ELN durante seu governo e retomar os diálogos que foram transferidos de Quito para Havana, onde foram interrompidos em 2018.
Em entrevista à Agência EFE em maio, o presidente eleito garantiu que deseja retomar o plano de paz do ex-presidente Juan Manuel Santos (2010-2018), desde a implementação integral do acordo de paz assinado com as FARC até a retomada das negociações com o ELN.
Um acordo com o ELN, sublinhou recentemente, "estava a meio caminho, mas teria de ser acelerado e poderia, dependendo do ELN, voltar a criar um clima de paz e de progresso democrático".
O ELN ADVERTE
No comunicado do grupo guerrilheiro hoje, o ELN também alerta o presidente eleito de que se ele não implementar "mudanças que nos levem a superar o clientelismo e acabar com a violência no meio político, avançar em planos de inclusão social que incluam emprego e empreendimentos para a maioria", entre outros, não terá o respaldo do "movimento popular".
"Se for instalado para fazer 'mais do mesmo', terá o povo nas ruas exigindo mudanças com mais veemência do que em 2019 e 2021", assegurou o grupo guerrilheiro.
O ELN, que ganhou força durante o último governo colombiano, fez uma lista de causas que os fazem lutar contra, como a "doutrina de segurança nacional" do Estado e "o antigo regime clientelista violento, que se transformou hoje em um sistema corrupto mafioso".
O governo de Santos e o ELN iniciaram negociações de paz em Quito em fevereiro de 2017, que foram transferidas para Havana em maio de 2018, onde a última rodada de negociações foi concluída sem avanços no início de agosto daquele ano.
As negociações estão suspensas desde então devido à exigência do governo do atual presidente, Iván Duque, para que o ELN liberte todos os reféns que tem em seu poder e renuncie a isso e a todas as suas atividades criminosas.
Após o ataque contra a escola de cadetes em Bogotá em 2019 que deixou 22 mortos, o governo pediu a Cuba que entregasse os negociadores que estão em Havana, mas a ilha invocou protocolos diplomáticos para não cumprir esse pedido.
Petro, quando era candidato, assegurou que se o protocolo com Cuba fosse assinado, deveria ser respeitado e as negociações de paz fracassadas retomadas.
Nota do editor do blog: notem que Iván Duque já mantinha negociações com o ELN em 2018, quando assumiu o cargo. Só depois que ele congelou os acordos, mas sua disposição para elas é notória. Então, não se pode dizer que o governo do ex-presidente Duque foi de direita, ou anticomunista, uma vez que ele não só cumpriu os acordos com as FARC, como estava em plena negociação com seu braço armado, o grupo terrorista ELN. A única lembrança de algo de direita no governo Duque que os colombianos terão é o fato dele não ser o Petro, pois de resto, ele foi um governo aos moldes do de Juan Manuel Santos. Uma coisa que muitas pessoas se forçaram a ignorar nas eleições passadas foi o fato de que o até então candidato, Rodolfo Hernández, também era favorável a negociações com o ELN. Porém, muitos analistas colombianos acabaram ignorando isso por conveniência. Eles não podem dizer que com Rodolfo seria diferente, uma vez que ele prometeu fazer o mesmo. Ele provavelmente elogiará Petro ao iniciar as conversações, e a direita provavelmente vai continuar sem entender.
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