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2 de mar. de 2022

Peru: sócios do presidente Castillo negociam contratos milionários com empresas chinesas




Panampost, 02/03/2022



Por Gabriela Moreno



Colaborador da Promotoria Anticorrupção do Peru revela que sócios do presidente Pedro Castillo negociam contratos com empresas chinesas que já fizeram negócios com os regimes de Cuba, Venezuela e Nicarágua

A China está disposta a aprofundar o investimento no Peru. Seu encarregado de negócios no país inca, Li Yun, o reconheceu há duas semanas, mas a mudança não está indo bem para ele. Duas de suas empresas, CAMC Engineering Co. LTD e China Railway Tunnel Group, teriam fechado sete contratos com o governo esquerdista de Pedro Castillo por meio de uma empresa incipiente de propriedade de associados próximos do presidente.

A acusação faz parte do depoimento vazado da lobista Karelim López, que decidiu se tornar colaboradora (especial) da Promotoria Especial para Crimes de Corrupção, após o início de uma investigação contra ela por tráfico de influência.

Segundo López, a construtora Ingeniería Integración de Proyectos (INIP) registrada em 2019 pelos irmãos Roberto e Alejandro Aguilar – 25 e 33 anos – não tinha experiência no setor nem acordos firmados com o Estado, mas com a chegada de Castillo para facilitar este quadro mudou.

Em parceria com as duas empresas chinesas, a empresa peruana ganhou quatro contratos de 580 milhões de soles, o equivalente a 152.546.380 dólares, três meses após a posse de Castillo, informa La República. Esses quatro contratos fazem parte dos sete acertados por Zamir Villaverde, também empresário e amigo do presidente, que aparece como intermediário nas negociações.

Tudo exposto

Diante da procuradora provincial, Luz Taquire, e do procurador provincial adjunto, Juan Carlos Davis del Piélago, ambos da sétima Promotoria Empresarial Supraprovincial Especializada em Crimes de Lavagem de Dinheiro, López assegurou que "há uma máfia no Ministério dos Transportes e Comunicações, composto pelo Presidente Pedro Castillo Terrones, Ministro Juan Silva, as empresas chinesas Consorcio Conservación Vial Mazocruz (China Civil Engineering Construction Sucursal del Perú) e outros.”

Os sobrinhos do presidente, Frei Vásquez Castillo, Gian Marco Castillo Gómez e Rudbel Oblitas Paredes, junto com o ministro da Habitação, Geiner Alvarado, também figuram nesta suposta trama.

Essas revelações de López têm motivos. Ele afirmou que quando seu amigo, o ex-secretário presidencial Bruno Pacheco, caiu em desgraça devido ao confisco de 20 mil dólares no banheiro de seu escritório, pediu apoio diante do "abandono" que sofria do Palácio e lhe confiou para localizar informações sobre Alexander Aguilar. "Você tem que estar preparado, porque eu não vou me ferrar sozinho. Se em algum momento me culparem por algo, vou contar tudo, que Pedro Castillo assuma a responsabilidade dele", disse.

Pacheco, que é amigo de Zamir Villaverde, depois de trabalhar para sua empresa de segurança Vigarza, estava ciente dos contratos com os chineses. E, de fato, Karelim López ficou com a lista de prêmios, mas como Pacheco depois resolveu sua situação com Castillo, ele disse a López para se livrar dos papéis. Ela o desconsiderou, guardou-os e agora os entregou ao Ministério Público.

Negócios com o eixo bolivariano

A entrada da empresa chinesa CAMC Engineering Co. Ltd, no mercado peruano é recente, mas seus negócios no "Eixo Bolivariano" formado pela Venezuela (desde o mandato de Hugo Chávez), Cuba, Bolívia, Equador e Nicarágua, entre outros, eles têm duas décadas.

Na Bolívia, ganhou o contrato para construir uma linha férrea de Montero a Bulo Bulo, mas lá a empresa está com problemas por suposto tráfico de influência em um caso envolvendo sua ex-gerente de negócios,  Gabriela Zapata, que era namorada do ex-presidente Evo Morales entre 2006 e 2007.

O Chavismo lhe concedeu um projeto que incluiu novas pontes e rodovias, um laboratório de alimentos de última geração e a maior usina de beneficiamento de arroz da América Latina. O acordo, firmado em 2010, também desenvolveria plantações de arroz com o dobro do tamanho de Manhattan e criaria 110.000 empregos.

A empresa recebeu US$ 1,4 bilhão, mas o trabalho nunca foi concluído e, em setembro de 2018, um tribunal andorrano concluiu que a empresa asiática havia pago pelo menos US$ 100 milhões em subornos a funcionários venezuelanos para garantir o projeto. Segundo o jornal El Universo, do Equador, a CAMC Engenharia obteve contratos para centros policiais, hospitais e parques por 634 milhões de dólares. No entanto,  a Controladoria analisa esses documentos por suspeita de ter realizado subcontratação sem autorização.

Pedro Castillo parece ter se esquivado do passado dessas empresas chinesas. Ele foi conquistado pelo frenesi de fortalecer essas relações, e acabou visitando o embaixador chinês no Peru, Liang Yu, na sede diplomática localizada no distrito de San Isidro, quando a Junta Nacional de Eleições (JNE) ainda nem havia divulgdo os resultados oficiais do segundo turno presidencial.

Ações na agenda

Agora, o controlador-geral da República, Nelson Shack, atuará. Ele anunciou que enviará 24 auditores ao Ministério dos Transportes e Comunicações para recolher informações e possíveis provas, enquanto no Congresso, a Renovación Popular já preparou a nova proposta de vacânacia presidencial.

Mais uma demissão

No meio da polêmica, o ministro dos Transportes e Comunicações, Juan Silva, renunciou ao cargo e integrou a lista de desembarques do comboio Executivo Castillo que não para, apesar das constantes "renovações".

O presidente peruano, mais uma vez, usou o Twitter para anunciar a renúncia. Ele agradeceu a Silva por seus sete meses no cargo, mas disse que precisa cumprir "as metas estabelecidas pelo governo".

Silva não estará mais no gabinete. Ele está saindo embora as bancadas do Somos Perú, Podemos Perú e Acción Popular – onde estão ativos cinco parlamentares ligados às empresas vencedoras das disputas – tentaram impedi-lo abstendo-se de votar a favor de sua censura no Congresso.

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Fonte:https://panampost.com/gabriela-moreno/2022/03/01/socios-de-castillo-empresas-chinas/

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