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2 de mar. de 2019

Vinte e três milhões de pessoas foram proibidas de comprar viagens na China






DN, 02 de março de 2019




O polémico sistema de "crédito social", que o país quer ver implementado em 2020, é criticado pelos que alegam controlo e vigilância mas, segundo as autoridades, já fez com que milhões de pessoas pagassem dívidas e impostos em atraso

Vinte e três milhões de pessoas viram o acesso a bilhetes de avião ou de comboio ser-lhes negado, na China, devido ao polémico sistema de "crédito social", ainda em teste em algumas regiões e que tem como objetivo de melhorar o comportamento dos indivíduos. Segundo estas normas, as violações da lei, e o número e gravidade das mesmas, atribuem sanções aos cidadãos e irão alterar a sua nota ou classificação.


O Guardian , que cita o relatório de 2018 do Centro Nacional de Informação de Crédito Público, explica que 17,5 milhões de pessoas foram proibidas de comprar viagens de avião, e a 5,5 milhões foi negada a aquisição de títulos de transporte para comboios de alta velocidade. Isto devido a ofensas que afetam o referido crédito social. O jornal destaca ainda uma frase do relatório: "Uma vez desacreditados, limitados em todo o lado".

As possíveis violações ao código, e existem várias, têm diferentes graus de gravidade. Falhas para com o fisco são consideradas ofensas, e consumir drogas ou espalhar informação falsa pode dar direito a multa. Usar bilhetes fora de prazo, fumar no comboio ou passear o cão sem trela também são sancionáveis, mas consideradas ofensas menores, explicar a publicação britânica.


Segundo documentos do regime chinês, o sistema tem como objetivo "que as pessoas de confiança andem por todo o lado, enquanto dificulta cada passo dos desacreditados". Alguns governos locais estão a testar o sistema e o objetivo é monitorizar cada vez mais e dar a cada cidadão um score (resultado, nota) personalizado, como uma classificação. Muitos são os que criticam a ideia, alegando que se trata da criação de um gigante sistema de vigilância e controlo, apoiado por tecnologia e tratamento de grandes quantidades de informação.

Antes do conceito de crédito social, as autoridades já limitavam as viagens a alguns cidadãos, mas as novas práticas acentuaram a situação. Em 2018, por exemplo, foi revelado que seriam aplicadas sanções que proibiriam determinados cidadãos de frequentar transportes públicos por um ano.

O relatório utilizado pelo Guardian refere também, por exemplo, que cidadãos foram impedidos de adquirir seguros, imóveis ou efetuar e investimentos. Empresas, por outro lado, foram impedidas de licitar em projetos. As autoridades chinesas contam que, só em 2018, identificaram 14 milhões de referências de "conduta desconfiável", que incluem empréstimos por pagar, publicidade enganosa ou ocupar lugares reservados nos transportes públicos.

O jornal relata ainda que os responsáveis acreditam no sistema e que este funciona. O relatório do Centro Nacional de Informação de Crédito Público indica que 3,5 milhões de pessoas, ou empresas, acabaram por pagar impostos ou dívidas em atraso devido ao sistema. Segundo as mais recentes informações, o governo chines espera ter o sistema totalmente implementado em 2020, ou seja, para cerca de 1,35 mil milhões de pessoas.

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