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DN, 07 de fevereiro de 2018.
Por Carlos Pereira.
Em Portugal, as mulheres e as faixas etárias mais velhas têm mais comportamentos de risco tanto no que diz respeito ao consumo de drogas, principalmente canábis, como de álcool
As mulheres estão a assumir cada vez mais consumos de risco tanto no que diz respeito às drogas (canábis, vulgo haxixe) como ao álcool. Um alerta que é também dirigido às faixas etárias mais velhas.
Esta é uma das principais conclusões do Relatório Anual das Respostas e Intervenções em matéria de Drogas, Toxicodependência e Álcool divulgado esta manhã na Assembleia da República pelo Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências (SICAD).
O documento analisa a situação em Portugal, com dados referentes a 2016 e nas faixas etárias entre os 15 e os 74 anos, nas várias vertentes de dependências e nas implicações para a saúde que as mesmas implicam. Entre os dados disponíveis o SICAD destaca o facto de os indicadores relacionados com as infeções por VIH e SIDA associados à toxicodependência e com a mortalidade estarem a descer.
Por outro lado, sublinha o agravamento do consumo de canábis no país, principalmente com "frequências mais intensivas e de dependência", alertando para o "agravamento no grupo feminino e nos 25-34 e 35-44 anos".
Já no que diz respeito ao consumo de bebidas alcoólicas, o documento destaca o facto de os jovens terem menos acesso e, ao mesmo tempo, se estar a assistir a um início cada vez mais tardio do início do consumo em populações jovens. No entanto, frisa que se deve aumentar a fiscalização referente à venda a menores.
O SICAD destaca que se tem assistido a "importantes ganhos em saúde seja ao nível da morbilidade, em particular a diminuição dos internamentos hospitalares com diagnóstico principal de hepatite ou cirrose alcoólicas". Outro dos fatores relacionados com esta diminuição do consumo é a, segundo a entidade dirigida por João Goulão, é a redução da mortalidade por doenças atribuíveis ao álcool em acidentes de viação.
Canábis é a escolha
No que diz respeito ao consumo de drogas em Portugal, no ano de 2016, o relatório divulgado esta quarta-feira revela que a canábis é o estupefaciente mais consumido. Sendo que 64% das pessoas inquiridas pelo SICAD garantiram que consumiram quatro ou mais vezes por semana durante o ano a que se refere o documento.
Perante os dados recolhidos, é destacado o facto de que entre 2012 e 2016/17 se ter verificado um aumento do consumo daquele estupefaciente e com frequências mais intensivas.
Já em relação a outras drogas a sua utilização ter-se-á mantido estável ou mesmo diminuído.
Apesar deste retrato, a entidade que em Portugal é responsável pelo acompanhamento dos comportamentos de dependências, frisa que o país continua abaixo dos valores médios europeus relativos à prevalência de consumo recente de canábis, cocaína e ecstasy - as três substâncias mais consumidas.
Aumenta consumo de risco no álcool
Apesar de reconhecer que o consumo de bebidas alcoólicas estar estável, o SICAD frisa que aumentou a frequência do binge (beber várias bebidas num curto espaço de tempo), ou seja, uma subida do comportamento de risco associado a esta atitude. Neste caso, os Açores são destacados por ser a região do país onde se registaram os valores mais elevados de consumo de risco - binge e embriaguez.
Tal como nas drogas, também no álcool os maiores problemas estão a ser detetados "no grupo feminino e faixas etárias mais velhas", sublinha a análise da situação do país neste ponto particular. Porém, é adiantado que na população mais jovem tem sido detetada uma "evolução positiva", ou seja um menor consumo.
Jovens nos centros educativos
Neste documento em que é analisada a situação do país em matérias de dependências é feita referência, entre outros temas, aos jovens que estão internados nos centros educativos. Segundo o relatório, 89% dos utentes destes centros já consumiram substâncias ilícitas. Tal como na população em geral também aqui é a canábis a droga mais consumida. Quanto ao álcool, 93% da população internada já consumiu, com a cerveja a ser a bebida de eleição.
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