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8 de dez. de 2017

Não há legalidade nos negócios com a China, afirma chefe de Associação de Vítimas




Epoch Times, 08 de dezembro de 2017. 






Fundador da Associação de Vítimas Taiwanesas de Investimento na China diz que canadenses não devem se focar apenas nos benefícios de curto prazo

Quando o taiwanês Kao Wei-pang foi para o Canadá no final da década de 1960, ele completou seu trabalho de pós-doutorado na Universidade McGill e então ensinou por dois anos no Vanier College de Montreal.

“Eu tenho sentimentos profundos pelos canadenses”, diz Kao.


É por isso que, quando o governo canadense busca estreitar os laços com a China e até mesmo explorar um possível acordo de livre-comércio com o país comunista, Kao está alertando os canadenses que prossigam com muito cuidado.

Kao, ele mesmo uma vítima da corrupção e das práticas comerciais injustas da China, é o fundador da Associação de Vítimas Taiwanesas de Investimento na China.

Um engenheiro químico, ele fez sua fortuna em Taiwan na indústria de plásticos a partir de meados da década de 1970, lançando pequenas e médias empresas.

No final da década de 1990, ele começou a sentir dificuldades em competir com os produtos da China continental, que apresentavam menores custos de produção. Assim, ele investiu US$ 500 mil numa empresa na China, iniciando uma fábrica que produzia grandes potes de bronze ou ferro fundido e com mercado internacional nos Estados Unidos.

Vendo a rentabilidade do empreendimento, no entanto, seu bem-conectado vice-gerente-geral efetivamente roubou Kao de seu investimento e o expulsou do empreendimento, recorda Kao.

O vice-gerente-geral obteve empréstimos usando os ativos da fábrica como colateral, forjando a assinatura de Kao e conspirando com funcionários do banco local, e usou o empréstimo, além dos equipamentos e outros ativos da fábrica de Kao, para começar outra fábrica que produzia os mesmos produtos.

Quando Kao tentou recorrer à Justiça por meio do sistema legal da China, o vice-gerente geral, cujo pai era um vice-ministro, certificou-se de que o caso legal de Kao não avançasse de jeito algum. Agora, quase 20 anos depois de sua fábrica ter sido roubada de todas as formas, Kao diz que ainda não conseguiu restituição dos tribunais, e o vice-gerente-geral agora está morando no Canadá.

China, parceiro arriscado de negócios

“É extremamente arriscado fazer negócios com a China, e não é muito diferente de tirar castanhas do fogo”, disse Kao numa entrevista em chinês.

A Associação de Vítimas Taiwanesas de Investimento na China divulga casos de empresários e investidores taiwaneses que foram enganados e defraudados, erroneamente detidos ou presos, e até mesmo mortos enquanto conduziam negócios na China.

Kao diz que o Departamento de Assuntos de Taiwan da China recebeu 28 mil denúncias de empresários taiwaneses que foram injustiçados na China entre 2001 e 2011. O número real certamente é muito maior, diz Kao, pois muitas vítimas não se atrevem a expor sua provação pública por temerem pela segurança de sua família e parentes na China.

“Num país que não é governado pela lei, a segurança dos próprios cidadãos não pode ser garantida, e muito menos os negócios de fora da China”, refletiu Kao.

Kao observa que esse abuso não se limita apenas aos taiwaneses. Casos similares foram relatados por empresários coreanos e japoneses que investiram na China. Ele mencionou um artigo detalhado na publicação japonesa Bunshun sobre fabricantes japoneses que foram abusados ​​pelo sistema chinês como exemplo.

Clive Ansley, um advogado canadense que praticou direito na China por 14 anos, diz que o sistema judicial da China é corrupto e controlado pelo Partido Comunista Chinês. “Não existe um sistema judicial legítimo”, disse ele.

Em seus últimos anos de prática na China, Ansley descobriu que já não era mais possível que os estrangeiros ganhassem nos tribunais chineses.

O governo federal realizou recentemente uma consulta pública sobre um possível acordo de livre-comércio Canadá-China, e os resultados mostraram que os canadenses tinham uma ampla gama de preocupações e expressaram que não tinham certeza se um mero acordo poderia abordar essas preocupações.

Os canadenses disseram que experimentaram “desafios significativos ao fazer negócios na China”, como um inconsistente estado de direito na China, o ceticismo de que Pequim vingaria seus acordos comerciais, a concorrência desleal das empresas estatais chinesas e o impacto nos empregos canadenses.

Uma pesquisa recente do Conselho Empresarial EUA-China mostra que mais empresas americanas estão perdendo o otimismo sobre o clima de negócios na China em relação aos anos anteriores, devido principalmente às políticas de Pequim em relação às empresas estrangeiras. Entre os desafios citados estão: a concorrência das empresas chinesas, licenças e aprovações, barreiras ao investimento, o desrespeito aos direitos de propriedade intelectual, entre outras preocupações.

Kao diz que os canadenses não devem apenas se focar nos benefícios de curto prazo que possam obter em negócios com a China.

“Uma vez que você está na armadilha, você não pode escapar com segurança”, ponderou Kao, alertando que, com o tempo, “sua tecnologia se tornará a de outros, seu investimento se tornará o patrimônio de outros e você será expulso da China.”

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