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1 de nov. de 2017

China reforça controle sobre empresas estrangeiras




Epoch Times, 31 de outubro de 2017 



Por Frank Fang



Empresas que operam na China são obrigadas por lei a estabelecer escritórios do Partido

A China é um dos maiores mercados do mundo, mas não espere que o negócio pareça o mesmo quando se trata de como as empresas operam naquele país. O Partido Comunista Chinês (PCC) penetra em todas as esferas da sociedade e agora está se infiltrando nas empresas privadas estrangeiras.

Na China, cerca de 70% das empresas financiadas pelo capital estrangeiro, ou seja, 106 mil, implementaram escritórios do Partido, afirmou Qi Yu, vice-diretor do Departamento de Organização do PCC em uma entrevista à imprensa realizada no dia 19 de outubro durante o importante conclave do Partido, o 19º Congresso Nacional.


As empresas que operam na China são obrigadas por lei a estabelecer escritórios do Partido, e essas não são meras organizações de fachada. De acordo com o PCC, as organizações empresariais do Partido podem participar da tomada de decisões para assim garantir que as atividades da empresa estejam de acordo com as políticas do país. Além disso, é da exclusiva responsabilidade da empresa financiar as atividades da organização do Partido.

A última cifra representa um aumento acentuado em relação aos dados de 2011 fornecidos pelo Departamento de Organização do PCC, que destaca que cerca de 47 mil empresas que recebem investimento estrangeiro cumpriram as regras para estabelecer um aparato do Partido.

O número de empresas privadas de propriedade chinesa na China com estruturas do Partido também registrou um aumento de 2,72 milhões, representando 67,9% de todas as empresas chinesas, segundo Qi.

“Isso explica a mentalidade do PCC, que é de não confiar em ninguém ou em nada. O Partido precisa ter sua própria gente para monitorar as empresas a partir de dentro. Portanto, há organizações do Partido em todos os lugares, inclusive nas organizações religiosas como templos e conventos budistas”, declarou Xia Yeliang, ex-professora associada de economia da Universidade de Pequim, em uma entrevista em Washington, DC, para o canal de televisão New Tang Dynasty Television (NTD), com sede em Nova York.

O controle do Partido dentro das empresas não é nenhuma novidade. De acordo com o site de notícias chinesa China Business, liderado pelo grupo de especialistas do PCC, a Academia Chinesa de Ciências Sociais, as estruturas do Partido em empresas de capital estrangeiro têm uma história que remonta à década de 1980, quando a China se abriu pela primeira vez ao investimento estrangeiro. DuPont foi a primeira empresa estrangeira no Novo Distrito de Pudong, que estabeleceu uma estrutura do Partido quando abriu um escritório lá em 1990.

Recentemente, o PCC começou a exercer lentamente um maior controle sobre empresas locais e estrangeiras.

Em agosto, a agência Reuters informou que uma empresa europeia com uma joint venture chinesa foi pressionada a contratar mais membros do Partido e discutir suas decisões de investimento com a estrutura do Partido. Em outro caso, uma empresa dos Estados Unidos mudou sua nova instalação para um local sugerido pelo escritório do Partido, porque as autoridades locais estavam promovendo o investimento nessa área.

Agora, as empresas privadas e as empresas com investimento estrangeiro, sob a influência de suas respectivas estruturas do Partido, podem ser forçadas a investir mais nas empresas estatais da China com problemas financeiros, já que o PCC luta para mantê-las funcionando. Este ano, na tentativa de salvar empresas estatais, o PCC permitiu a venda de ações minoritárias em empresas públicas para investidores privados.

O Wall Street Journal informou em outubro que os reguladores da Internet na China planejam tomar 1% das ações nas maiores empresas de internet do país — Tencent, Weibo e Youku Tudou, um site para compartilhar vídeos de propriedade da gigante do comércio eletrônico, Alibaba — com o objetivo de estar diretamente envolvidos no processo de tomada de decisões dessas empresas, mais um sinal do desejo do PCC de exercer controle sobre empresas privadas.

O funcionário do Estado, Qi Yu, explicou os benefícios do aparato do Partido para as empresas, dizendo que pode ajudá-las a entender melhor as políticas econômicas da China, resolver disputas trabalhistas e proporcionar “energia positiva”. As observações de Qi, no entanto, provocaram muitas dúvidas e críticas de acadêmicos e internautas chineses.

“À primeira vista, pode parecer que as empresas estão implementando voluntariamente estruturas do PCC. No entanto, na verdade existe uma ameaça velada. Se essas empresas privadas não ouvirem, terão dificuldades para seguir adiante”, observou Xia Yeliang.

Xia acrescentou que, com as estruturas do PCC influenciando a forma como as empresas conduzem seus negócios, isso só poderia significar uma coisa: as empresas privadas na China estão perdendo sua capacidade de inovar e, em última instância, sua capacidade competitiva.

“O PCC está tentando criar uma suposta economia livre dentro de uma gaiola de pássaros. Às vezes, (a estrutura do PCC dentro da empresa) desempenha o papel tradicional do sindicato do PCC, outras vezes desempenha mais ou menos o papel de coordenar com os empregadores”, disse Hu Ping, editor-chefe da Beijing Spring, uma publicação pró-democracia dirigida a partir de Nova York, em entrevista à NTD.

No entanto, Hu disse que o verdadeiro propósito de sua existência é o monitoramento e a vigilância.

Na Weibo, versão chinesa do Twitter, um cidadão da província de Zhejiang escreveu: “Se houver uma estrutura do Partido (em uma empresa), não haverá trabalhadores chineses fazendo greve, protestos ou em luta. Eles abaixarão a cabeça e trabalharão silenciosamente como escravos”.

“O objetivo é controlar melhor os trabalhadores, assumir o controle de todas as áreas da sociedade, como uma rede que captura tudo”, disse outro cibernauta que utiliza Weibo, “Yukun Qijiu, vice-diretor”.

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