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8 de jun. de 2017

Vitória incerta de Theresa May entre a maioria e a crise política

Imagem meramente ilustrativa, 'não tendo a ver' com os atuais acontecimentos



DN, 08 de junho de 2017. 



Por Abel Coelho de Morais



Projeções sugerem Parlamento dividido e nova ida às urnas a curto prazo. O que seria uma derrota total da primeira-ministra.

Os conservadores da primeira-ministra Theresa May ganharam as legislativas antecipadas ontem realizadas no Reino Unido, mas havia o risco de não conseguirem repetir a maioria absoluta de 2015, quando David Cameron obteve 331 deputados. Projeções à boca das urnas colocavam os conservadores com 314 eleitos, menos 12 do que os necessários para a maioria numa Câmara dos Comuns de 650 lugares.

Gráfico em tempo real no site. Imagem meramente ilustrativa


Ao mesmo tempo, a soma dos deputados trabalhistas, dos nacionalistas escoceses do SNP e dos liberais-democratas era igual à dos eleitos do partido de May. O partido de Jeremy Corbyn registou uma subida de mais 34 eleitos face a 2015, enquanto o SNP caiu de 56 para 34 deputados e os Lib-Dem registaram uma melhoria, passando de oito para 14 representantes em Westminster. Uma convergência governativa entre estes três partidos foi classificada por May como "a coligação do caos". Mas o gabinete de imprensa dos liberais-democratas emitiu um comunicado, antes de serem conhecidos resultados, reafirmando a posição do seu líder, Tim Farron, durante a campanha: "Não a coligações", quaisquer que sejam.

O antigo dirigente trabalhista Ed Balls, ouvido pela ITV News, afirmou que, a manter-se a proporção de deputados sugerida pelas projeções, irá viver-se em clima de crise política e "haverá nova eleição a curto prazo". Mas os analistas insistiam que o cenário pode ser completamente distinto hoje pela manhã. A divulgação dos primeiros resultados relevantes estava prevista para as 04.00 da manhã.




Entre os conservadores, ouviram-se de imediato vozes críticas de May, sugerindo que os resultados eleitorais eram o reflexo de uma campanha mal dirigida e do fraco desempenho da primeira-ministra. Para George Osborne, ministro das Finanças no governo de Cameron e que chegou a ser considerado como possível candidato à liderança conservadora, os resultados foram "absolutamente catastróficos", sugerindo que a própria posição de May poderá estar risco. Um outro conservador, o ministro da Defesa, Michael Fallon, preferiu a prudência, afirmando ser necessário esperar "por resultados reais" e recordou que, também em 2015, "subestimaram os nossos votos".

A confirmar-se a tendência das projeções é evidente que May sofre uma derrota política: não só perde a maioria absoluta como falha o objetivo de reforçar a sua legitimidade para negociar o brexit e corre o risco de ter de enfrentar um processo de contestação interna.




"Estamos a receber muitos telefonemas, por isso vamos ser claros: Não a coligações. Não a acordos", escreveu o gabinete de imprensa do partido

O partido dos Liberais Democratas reiterou hoje que não formará coligações nem acordos com qualquer partido, independente do resultado das eleições legislativas desta quinta-feira.

"Estamos a receber muitos telefonemas, por isso vamos ser claros: Não a coligações. Não a acordos", escreveu o gabinete de imprensa do partido na sua conta na rede social Twitter.



A posição reforça o que já tinha sido afirmado pelo líder do partido, Tim Farron, numa entrevista ao jornal Observer: "nenhum acordo, nenhum acordo com ninguém".

Segundo uma sondagem comum divulgada hoje pelas três estações televisivas britânicas BBC, ITV e Sky, o partido Conservador vai perder a maioria absoluta no parlamento.

O estudo indica que o partido Conservador terá 314 deputados, perdendo 17, e o partido Trabalhista vai eleger 266, mais 34 do que tem atualmente.

A confirmarem-se estes resultados, o 'Labour' poderia tentar formar um governo minoritário se conseguisse o apoio de outros partidos no parlamento.


Os Liberais Democratas deverão também aumentar o seu grupo parlamentar, de voto para 14, enquanto que o partido dos Verdes manterá a sua única deputada, a co-líder, Caroline Lucas.

A mesma sondagem previa que o Partido Nacionalista Escocês (SNP) vai eleger 34 deputados, menos 16 do que em 2015, enquanto que os nacionalistas galeses do Plaid Cymru vão manter os três atuais lugares.

O partido eurocético UKIP não vai eleger qualquer deputado, sendo os restantes lugares distribuídos por partidos da Irlanda do Norte.

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