Euronews, 09 de maio de 2017.
Com Lusa
Um tribunal indonésio condenou Basuki Tjahaja Purnama, o governador cessante da capital Jacarta, pertencente à minoria cristã, a uma pena de dois anos de prisão por blasfémia.
O coletivo composto por cinco juízes ordenou a prisão imediata do governador Purnama, conhecido no país como Ahok.
Ahok foi condenado por uma declaração proferida no final de setembro, em que classificou como errada a interpretação de alguns ulemas – teólogos muçulmanos – de um versículo do Corão, segundo o qual um muçulmano só deve eleger um dirigente muçulmano.
Fadli Zon: Mendagri Tidak Boleh Tunda Copot Ahok https://t.co/BkqbnwpJhE pic.twitter.com/7KDoynWQLR— Media Indonesia (@mediaindonesia) 9 de maio de 2017
O governador de Jacarta pediu desculpa pelo comentário, mas tal não foi suficiente para conter a ira dos mais conservadores, em particular da Frente de Defensores do Islão, um grupo que quer impor a sharia ou lei islâmica na esfera pública, em toda a Indonésia.
O Governador anunciou que vai recorrer da decisão judicial para instâncias superiores.
Protestos contra e a favor da sentença
No exterior do tribunal, a norte de Jacarta, apoiantes de Ahok choraram e abraçaram-se após conhecida a decisão.
Ao mesmo tempo, podiam ser ouvidos gritos de alegria por parte de membros de grupos conservadores islâmicos.
Cerca de 13 mil polícias foram destacados para a capital indonésia para evitar eventuais distúrbios entre partidários e opositores de Ahok.
O Governador de Jacarta foi derrotado nas eleições de abril, mas o seu mandato termina apenas em outubro.
O presidente do coletivo de juízes afirmou que o julgamento foi puramente criminal e que o tribunal discorda que tenha havido aspetos políticos no caso.
O país com a maior população muçulmana do mundo
A pena máxima para blasfémia na Indonésia é de cinco anos de prisão.
A Indonésia tem a maior população muçulmana do mundo, da qual fazem parte cerca de 87% dos seus cerca de 260 milhões de habitantes.
Apesar de a maioria dos indonésios muçulmanos ser partidária da tolerância religiosa, o fundamentalismo tem vindo a ganhar força desde finais do século passado.
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