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5 de jan. de 2017

Centro checo de ameaças híbridas sob fogo cruzado do próprio presidente do país




Reuters UK, 04-05 de janeiro de 2016




Uma nova equipe do Ministério do Interior da República Checa, criada esta semana para monitorar e analisar as “ameaças híbridas” à segurança, como as campanhas de desinformação, foi atacada pelo escritório do próprio presidente do país. 

O Centro Contra o Terrorismo e as Ameaças Híbridas (CTHH) compreende uma equipe de 20 funcionários encarregados de identificar ameaças de radicalização política e terrorismo e de campanhas de desinformação estrangeiras direcionadas ao público. 


A iniciativa segue as advertências do serviço de contra-inteligência do país de que a Rússia está mirando ativamente a opinião pública checa sobre a OTAN, a União Europeia e outras questões através da ciberguerra, propaganda, grupos de fantoches e apoio de grupos populistas e extremistas. 

Mas o presidente Milos Zeman, que é visto como fortemente pró-russo, e seu governo têm liderado a crítica ao novo aparato, argumentando que poderia infringir a liberdade de expressão. 

O porta-voz de Zeman, Jiri Ovcacek, comparou o centro com o escritório de censura da era comunista, CUTI, e criou uma conta especial no Twitter na segunda-feira para criticar a unidade. Ele tinha tuitado 56 mensagens sobre o tema na quarta-feira à tarde. 

Uma lei fundamental se aplica em uma sociedade democrática e livre: ninguém pode ter o monopólio da verdade. O CUTI do Ministério do Interior pisoteou essa lei”, disse em um dos tuites da terça-feira. 

Em um discurso de 26 de dezembro – antes da abertura do centro em 01 de janeiro – Zeman disse que “não precisamos de censura, não precisamos da polícia do pensamento”. 

A chefe do centro, Eva Romancovova, disse que essas críticas eram intrigantes porque o gabinete do presidente havia sido consultado sobre a criação da unidade durante uma auditoria de segurança nacional e não havia levantado objeções na época. 

“Falta de entendimento.”

O CTHH não vai e nem pode de forma alguma censurar qualquer mídia ou conteúdo da Internet”, disse ela à Reuters. “Consideramos que isso é uma infeliz falta de compreensão de nosso trabalho”. 

Zeman, que tomou partido do Kremlin no conflito na Ucrânia pediu o levantamento das sanções ocidentais contra Moscou, embora tenha poucos poderes executivos como presidente sob a Constituição checa, e seja chefe das forças armadas e nomeie governos, ele também é popular entre os eleitores checos. 

Alarmados com o que eles veem como tentativas russas de minar os seus sistemas políticos e econômicos, vários outros países europeus, incluindo a Polônia e os Estados Bálticos, também estabeleceram equipes de comunicação estratégicos em vários departamentos governamentais. 

A Finlândia disse que vários países da OTAN e da União Europeia estão planejando estabelecer um centro em Helsinque para investigar como combater a guerra “híbrida”. 

A agência de inteligência doméstica alemã disse no mês passado ter visto um aumento impressionante na propaganda russa e campanhas de desinformação destinadas a desestabilizar a sociedade alemã e ataques cibernéticos contra partidos políticos. 

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