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6 de out. de 2016

Exercícios militares sauditas adensam tensões com Teerã




RTP, 06 de outubro de 2016. 



Por Andreia Martins. 



Os Guardas da Revolução do Irão avisaram esta quinta-feira que os exercícios militares da Arábia Saudita em curso no estreito de Ormuz colocam em causa a estabilidade da região.

Uma "Guerra Fria" prossegue em pleno Golfo Pérsico. A força militar de elite do Irão instou esta quinta-feira a Arábia Saudita a distanciar-se da sua área marítima nos exercícios que decorrem em pleno mar de Orman, no estreito de Ormuz.  

Num comunicado enviado aos media iranianos, os Guardas da Revolução consideram que os recentes exercícios navais "criam tensões e prejudicam a estabilidade" na região e que "tal intrusão não será considerada inofensiva" pelo Irão.  
A guarda iraniana promete ainda uma resposta "proporcional e imediata a qualquer movimento, esforço ou ação" que provoque "a perturbação da paz e da segurança no Golfo Pérsico, no estreito de Ormuz ou no mar de Oman".

 

Na quarta-feira a Arábia Saudita deu início ao Shield 1, um exercício que decorre no estreito arábico com unidades navais e da marinha, aviões e unidades especiais. O estreito de Ormuz é um dos mais importantes pontos de passagem de petróleo em todo o mundo.  

O oficial saudita responsável pelo exercício, o general Majed Al-Qahtani, explicava à agência noticiosa saudita SPA que os exercícios incluem "o disparo de munições reais", um esforço para melhorar "a preparação para o combate, a proteção das águas do reino arábico e os interesses marítimos contra possíveis agressões".  

Ainda no final de setembro o Irão realizou um exercício naval no estreio de Ormuz, com a participação de um navio de guerra italiano.  

O crescendo das tensões militares entre os dois países inimigos, cujo território é precisamente separado pelo Mar de Ormuz, acontece num contexto de total ausência de relações diplomáticas, situação agravada pelas guerras "por procuração" na Síria e Iémen.  

O recente acordo nuclear iraniano e consequente aproximação de Teerão ao ocidente, ou a polémica lei aprovada pelo Capitólio norte-americano que permite às famílias das vítimas do 11 de Setembro processar o Estado da Arábia Saudita, materializando o afastamento de Washington de um antigo aliado, vem agravar o foco de tensão entre sunitas e xiitas nesta região do globo. 

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