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19 de set. de 2016

Eleições na Rússia #Duma2016: Medvedev e Putin "cantam" vitória do Rússia Unida





Euronews, 19 de setembro de 2016. 



Por Francisco Marques



Sem surpresas, o partido Rússia Unida foi o vencedor das eleições para a câmara baixa do Parlamento, a Duma. As urnas fecharam por completo às 21 horas, de Moscovo (19 horas, em Lisboa), tendo a região do enclave externo de Kaliningrado, a mais ocidental da Russia, sido a última onde se pôde votar.

De acordo com os dados da Comissão Eleitoral, e com apenas 40 por cento dos sufrágios contados, o partido no poder obtinha a maioria absoluta com 53 por cento.



De visita à sede do partido, o primeiro-ministro Dmitri Medvedev e o Presidente Vladimir Putin comentaram o resultado eleitoral.



Já podemos afirmar com certeza que o nosso partido ganhou”, afirmou o Dmitri Medvedev.

Já o chefe de Estado refereiu que “a vida é dura, é difícil, mas as pessoas continuam a votar no Rússia Unida. Qual é a conclusão que tiro disto? Em primeiro lugar, que os eleitores veem que os representantes do Rússia Unida, a principal força política, estão a dar o seu melhor pelo povo.”


A maioria absoluta do Rússia Unida não deixa de ficar marcada por uma das mais altas taxas de abstenção desde a implosão do bloco soviético. Apenas cerca de 40 por cento dos eleitores se deslocaram às urnas.

O escrutínio fica também manchado por milhares de denúncias de fraude eleitoral e da estreia da região da Crimeia como palco de umas eleições oficiais russas.


A península no sul da Ucrânia foi anexada em março de 2014 por Moscovo após referendo local não reconhecido por Kiev nem pela larga maioria da comunidade internacional, incluindo a União Europeia e os Estados Unidos da América.

O Departamento de Estado norte-americano emitiu sexta-feira à noite uma posição oficial, afirmando “não reconhecer a legitimidade das eleições russas para a Ruma planeadas para a Crimeia ocupada, a 18 de setembro” (tweet em baixo).


No decorrer deste domingo, também a Lituânia através da conta oficial da respetiva representação na Aliança do Atlântico Norte (NATO) condenou a realização das eleições russas na “Crimeia ocupada” (em baixo).


Alguns relatos oriundos da Crimeia dão conta de que os eleitores terão sido assediados para participarem nas eleições russas em troca de bilhetes de cinema ou de candidaturas para ganhar um “smart phone.”


O que está em jogo?

111,6 milhões de eleitores foram chamados a votar nas mais de 96 mil mesas de voto abertas na Rússia — 371 fora do território, em 145 países.

Cerca de 6500 candidatos entraram na corrida aos 450 assentos parlamentares. Metade eleita a nível nacional, a partir das listas partidárias; os outros 225, os indivíduos mais votados nas diferentes constituições eleitorais decretadas pelas regras eleitorais da Federação russa.


Houve 14 partidos políticos na disputa pelos assentos parlamentares na Duma, entre eles os quatro com representação conseguida no sufrágio de 2011 e que deverão continuar na câmara baixa do Parlamento.

O Rússia Unida, de Dmitri Medvedev, venceu as eleições de há cinco anos.


Estas eleições irão influenciar também a nomeação dos novos senadores para a câmara alta do Parlamento, o chamado Conselho da Federação Russa. Os eleitos sairão dos parlamentos regionais e de entidades executivas, nomeados pelos parlamentos regionais e pelos novos governadores.

Em simultâneo, realizaram-se também eleições locais nas 85 regiões da Rússia, em sete das quais, por exemplo, para eleger novos governadores.


Devido aos cerca de 11 fusos horários abrangidos pela Rússia, as mesas de voto apenas fecharam por completo pelas 21 horas de Moscovo (19 horas em Lisboa) devido à região mais ocidental do enclave externo de Kaliningrado, situado entre a Lituânia e a Polónia..

O Centro de sondagens oficial da Rússia estimava uma participação acima dos 50 por cento, mas o resultado terá ficado aquém. Às 19 horas de Moscovo (17h em Lisboa), a Comissão Eleitoral russa confirmava uma participação na ordem dos 39,37 por cento..


A Rússia regressa ás urnas este domingo num sufrágio que, longe de renovar o parlamento, deverá confirmar a maioria do partido Rússia Unida de Vladimir Putin.

Quatro anos após as denúncias de fraude no anterior sufrágio e face a uma oposição liberal ausente, a campanha eleitoral foi marcada pelo encerrramento do único instituto de sondagens independente do país – o instituto Levada – suspenso por alegadamente receber financiamento estrangeiro.


Nas suas últimas sondagens, o Instituto Levada apontava para uma quebra no voto no partido oficial, para lá de um estudo que apontava para que um quarto dos eleitores estaria disposto a vender o seu voto por até 70 dólares.

Oficialmente, no entanto, a recessão económica acentuada pelas sanções internacionais e a quebra do preço do petróleo, não parecem abalar a popularidade de Putin, num pico de 80%.

O patriotismo exarcebado inflamado pelo presidente, a anexação da Crimeia e o papel de Moscovo no conflito sírio, deverão continuar a garantir ao partido oficial uma larga maioria no parlamento.

Segundo a ONG russa de defesa dos direitos humanos Golos, “a campanha eleitoral foi a menos ativa dos últimos dez anos”.

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