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26 de jul. de 2016

Putin e Erdogan encontram-se a 09 de Agosto - o fim do teatro entre os ditadores

Putin Erdogan

 


SIC, 26/07/2016




O Presidente russo Vladimir Putin e o seu homólogo turco Recep Erdogan devem encontrar-se a 09 de agosto em São Petersburgo, pela primeira vez quase um ano após a crise que afetou as relações bilaterais, anunciou hoje o Kremlin.

A data e o local da visita foram confirmados pelo porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, confirmando as informações anunciadas previamente por responsáveis turcos de visita ao país, e quando Moscovo e Ancara tentam normalizar as relações económicas.

"Trata-se do primeiro encontro após o incidente que ocorreu nas nossas relações (...) e após os dois dirigentes terem decidido virar a página", sublinhou.
"Podemos dizer com segurança que não vão faltar temas de conservação", prosseguiu.

O derrube em novembro de um bombardeiro russo pela aviação turca junto à fronteira turco-síria originou uma grave crise nas relações entre Moscovo e Ancara. A Rússia adotou, na ocasião, diversas medidas de retaliação económica contra a Turquia.

Após meses de acusações entre os dois dirigentes, as relações russo-turcas distenderam-se no início de julho, quando Erdogan enviou a Vladimir Putin uma carta de desculpas.

Após a tentativa de golpe de Estado na Turquia em 15 de julho, Putin contactou por telefone com Erdogan e desejou um rápido regresso à estabilidade, pedindo-lhe ainda para garantir a segurança dos turistas russos.

No quadro desta reaproximação, uma delegação ministerial turca manteve hoje encontros em Moscovo para tentar relançar a cooperação, e após a crise diplomática ter prejudicado o comércio agrícola comum ou comprometido importantes projetos, incluindo o gasoduto TurkStream.

Nota do editor 

Eu volto a perguntar: vocês acreditaram mesmo no antagonismo Moscou-Ancara por conta daquele caça abatido? Eu vou reiterar aqui o que é um fato! A Turquia nunca foi antagonista da Rússia, pois sempre foi sua parceira. A Turquia, mesmo após o abate do caça e as acusações de Moscou de que comprava petróleo do Estado Islâmico, manteve-se fiel a uma aliança que é fundamental e que funciona como um elo entre ela e Moscou – a aliança com Teerã. Sim, a Turquia tem uma aliança firme com Teerã. A Turquia, como membro da OTAN, se comprometeu a ajudar Teerã a enriquecer o seu urânio em 2010. O acordo não deu certo, porque a comunidade internacional contestou, mas ainda assim a prontidão de Ancara em querer ajudar – comprometendo até o seu papel como Estado-Membro da OTAN – é algo que merece ser levado em consideração. O programa nuclear do Irã com toda certeza não é direcionado para fins pacíficos, e isso já está mais do que provado. No entanto, Erdoğan comprometeu seu papel como chefe de estado e de um país membro da OTAN para ajudar Teerã no seu ambicioso programa. Ancara sabe que Teerã não vai usar esse urânio para melhorar a vida dos habitantes do Irã, mas para ceifar as [vidas] dos seus inimigos na construção de mísseis que serão usados contra eles. Em especial Israel.  

Agora, Putin retoma suas relações com Ancara. Durante o embate por conta do caça, tanto Acara quanto Moscou protagonizaram um teatro de quinta categoria, onde ficavam somente nas ameaças e acusações infantis. Aparentemente, os lucros de ambos em subversão e vendas de armas, (Nagorno Karabakh) mais as suas empreitadas na Síria e no Iraque renderam frutos. Erdoğan já está colhendo os frutos dum golpe de estado que tem mais a sua cara do que de uma oposição realmente engajada. Putin, com laços já sendo previamente restabelecidos, estende a mão ao seu homólogo e pede para que tudo volte à sua normalidade. Não obstante, Erdoğan faz ainda um favor por meio de seus MAVs islâmicos da imprensa estatal, e acusa Kiev de participar do falho golpe de estado. Ambos, Putin e Erdoğan, têm usado leis arbitrárias para intervir nos direitos civis e liberdade de imprensa, com a desculpa de combater o terrorismo, consolidando assim os seus poderes. O teatro acabou, e a velha camaradagem ditatorial, pelo visto, volta à ativa. 


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