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2 de jul. de 2016

Espanha - Merkel telefona a Rajoy para pedir um novo governo

Mariano Rajoy


DN, 02 de julho de 2016. 


Por Patrícia Viegas. 



Primeiro-ministro em funções e líder do PP, vencedor das eleições de 26 de junho, tem como plano A uma grande coligação com os socialistas liderados por Pedro Sánchez

Angela Merkel pediu a Mariano Rajoy que seja formado o quanto antes um novo governo em Espanha. A chanceler alemã telefonou ao primeiro-ministro em funções e líder do Partido Popular (PP) antes do Conselho Europeu desta semana, confirmaram fontes governamentais espanholas ao El Mundo. A líder alemã felicitou Rajoy pela vitória dos populares nas eleições do passado dia 26 de junho e, perante a tempestade do brexit, sublinhou a necessidade de ter um novo governo o mais rápido possível.


Espanha está há seis meses sem um novo Executivo, pois após as legislativas de 20 de dezembro, em que nenhum partido político conseguiu maioria absoluta, não foi possível um entendimento para se chegar a uma coligação ou a um acordo de base parlamentar. Nas eleições do passado domingo o cenário voltou a repetir-se: ninguém obteve maioria absoluta e é preciso mais uma vez negociar. Ainda assim o PP de Rajoy aumentou o número de votos e de deputados.

O PP foi o mais votado nestas legislativas, com 137 deputados, mais 14 do que os que conseguira eleger em dezembro de 2015, mas ficou ainda longe dos 176 mandatos que dão a maioria absoluta no Congresso dos Deputados. O PSOE de Pedro Sanchez ficou em segundo lugar com 85 lugares (tivera 90 em dezembro), enquanto a aliança de esquerda Unidos Podemos, que as sondagens colocavam em segundo lugar, ficou em terceiro e elegeu 71 deputados, com o partido de centro-direita Ciudadanos a conseguir 32 eleitos. Apenas uma grande coligação PP-PSOE conseguirá reunir os lugares suficientes para que Espanha possa ter um governo de maioria.

Essa aliança é o plano "A" de Rajoy, que tenciona oferecer a Sánchez um governo de salvação nacional. O objetivo, garante, é retirar o país da paralisia em que se encontra e, em última análise, evitar que haja umas terceiras legislativas. Em caso de falta de acordo, Rajoy poderia ter de recorrer a um plano "B," um acordo PP-Ciudadanos-nacionalistas do País Basco e Canárias, mais a abstenção de um outro deputado canário que concorreu nas listas dos socialistas, mas que prevê integrar o Grupo Mixto (grupo parlamentar que inclui vários partidos pequenos espanhóis).

Para tentar perceber com o que pode ou não contar, Rajoy encetou ontem contactos com os partidos. A Coligação Canárias foi a primeira formação a ser contactada. O objetivo do líder do PP é chegar ao dia da constituição do novo Parlamento, o próximo dia 19, com um qualquer acordo apalavrado. Isto para que possa depois saber o que dizer quando o rei Felipe VI iniciar a fase de consultas e decidir convidar um candidato para se apresentar ao debate de investidura. Segundo noticiou ontem o diário El País, Rajoy não descarta das suas consultas nem os nacionalistas catalães da Esquerda Republicana da Catalunha nem a Convergência Democrática da Catalunha. Questionada sobre esta matéria, a vice-primeira-ministra em funções, Soraya Sáenz de Santamaría, declarou: "A intenção é falar com todos os grupos políticos".

E se o líder do PSOE parece, entretanto, ter-se afastado dos holofotes por uns dias, o debate interno nos socialistas está aceso. A presidente da Andaluzia, Susana Díaz, recusou na Telecinco que o partido sirva "de muleta" a Rajoy. O líder da Extremadura, Guillermo Fernández Vara, deixou, por sua vez, em aberto um qualquer tipo de viabilização a um novo governo. "Não me apetece que Rajoy continue a governar este país, mas os eleitores decidiram e não se pode evitar que haja governo em Espanha", declarou à Antena 3.


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