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5 de jul. de 2016

Ataque em Orlando: Negação do Óbvio

Gatestone, 05 de julho de 2016.





  • Imediatamente após o massacre em Orlando a imprensa gay estava repleta de artigos que, de forma resoluta, se recusavam em admitir a realidade da homofobia islâmica.
  • As mesmas organizações que estão obcecadas em relação às padarias americanas e europeias que aceitam ou não encomendas de bolos de casamento para casais gays e justificadamente não se constrangem em censurar pastores cristãos homofóbicos, pareciam totalmente desinteressadas nas motivações do assassino da casa noturna Pulse. Esses jornais e Websites estavam repletos de artigos, petições e abaixo-assinados orientando as pessoas a não darem atenção ao elemento islâmico.
  • Esses ativistas gays têm uma visão de mundo onde apenas homens brancos "patriarcais" de tradição judaica ou cristã são causadores dos problemas do mundo.
  • Uma minúscula minoria de ativistas de "extrema-esquerda" está fazendo uso do status LGBT como cortina de fumaça, não para avançar nos direitos dos gays e sim para incrementar a política da "extrema-esquerda".

O recente tiroteio na casa noturna Pulse em Orlando, na Flórida, já está passando para segundo plano suplantado por outras notícias. O impacto do pior tiroteio em massa da história americana -- onde morreram quarenta e nove pessoas, ferindo um número ainda maior: cinquenta e três -- tem sido ainda mais embotado por dispersões em torno do debate. Desta vez, as dispersões incluíam um debate sobre a lei de armas dos Estados Unidos e conjecturas em torno da sexualidade do atirador.


Todas essas questões foram debatidas sob vários ângulos, avançando e retrocedendo e, todas sem dúvida alguma, devem fazer parte da argumentação. Mas a parte mais importante do debate e -- como de costume -- a mais encoberta, é a motivação religiosa do atirador. A parte religiosa e a resposta a ela conferida, é que vale a pena estudar: ela revela um esforço concentrado para não aprender com as experiências passadas.

Da mesma forma que é inevitável que os obcecados com a legislação sobre porte de armas queiram promover um debate sobre a dita legislação, da mesma forma, também é inevitável que aqueles com qualquer agenda política imperiosa desejem jogar a responsabilidade pelo tiroteio em qualquer que seja a sua obsessão em particular. Parece inevitável, por exemplo, que o movimento "Black Lives Matter" (As vidas dos negros importam) culpasse pelo tiroteio as "quatro ameaças: a supremacia branca, patriarcado, capitalismo e militarismo."

Por que então que o governo e a comunidade que foram atacados procurariam alegar que a religião do atirador não tem absolutamente nada a ver com o tiroteio? Poder-se-ia entender o porquê de um ardente proselitista do Islã ou o mais fervoroso crente muçulmano desejasse minimizar o elemento islâmico de um muçulmano entrar em uma boate gay e atirar nos gays. Mas por que tantos que nada têm a ver com isso se empenham tanto em remover completamente esse aspecto da história?

Dizer que o governo dos EUA tem agido dessa maneira é simplesmente a constatação de um fato. Considere as transcrições parciais das chamadas 911 (190 no Brasil) do atirador Omar Mateen na noite do tiroteio, liberadas pelo FBI. Há dois aspectos particularmente dignos de nota nessas transcrições. A primeira delas é que, onde o atirador se refere a "Alá", a transcrição do FBI foi alterada para "Deus". A razão não pode ser o intuito de traduzir do árabe e, portanto, torna o motivo de Mateen mais claro para qualquer americano que não sabia o que significava "Alá" (o que é altamente improvável a esta altura do campeonato). A maior parte do telefonema é em inglês. Não há nenhuma razão para que o FBI tivesse usado a tradução para o inglês da palavra "Alá" transformando-a em "Deus" -- a não ser a de acobertar um aspecto importante do telefonema.

A segunda é que o FBI removeu os trechos do telefonema que se referem ao ISIS. No trecho em que Mateen diz em sua chamada o que estava fazendo em Orlando em nome do ISIS, nenhuma versão do nome do grupo foi incluída originalmente. A transcrição do FBI relatava que Mateen dizia: "eu juro fidelidade ao (omitido)." Mas é claro, a administração Obama tem procurado evitar se referir ao ISIS em qualquer uma de suas formas a não ser pelo gracioso termo árabe "Daesh" (que significa a mesma coisa que ISIS mas evita que qualquer variante da letra "I" chegue aos delicados ouvidos dos americanos). Desde o clamor em resposta à censura do FBI, o órgão lançou a transcrição completa, não editada do telefonema de Mateen. Na transcrição o atirador diz entre outras coisas: "meu nome é eu juro lealdade à Abu Bakr al-Baghdadi do Estado Islâmico."

Talvez seja inevitável que a administração em Washington procure acobertar a natureza islamista do ataque. É a política da administração agir desta maneira -- uma política improvável de ser revertida a esta altura, independentemente de quantos Orlandos mais estejam por vir.




A motivação mais confusa e causadora de perplexidade de todas, no entanto, vem das parcelas organizadas da comunidade LGBT: lésbicas, gays, bissexuais e transgêneros. Imediatamente após o massacre em Orlando, a imprensa gay estava repleta de artigos que, de forma resoluta, se recusavam em admitir a realidade da homofobia islâmica. As mesmas organizações que estão obcecadas em relação às padarias americanas e europeias que aceitam ou não encomendas de bolos de casamento para casais gays e justificadamente não se constrangem em censurar pastores cristãos homofóbicos, pareciam totalmente desinteressadas nas motivações do assassino da casa noturna Pulse. Esses jornais e Websites estavam repletos de artigos, petições e abaixo-assinados orientando as pessoas a não darem atenção ao elemento islâmico. Ou então, conforme uma carta aberta publicada em um dos principais jornais escoceses: "não use os tiroteios de Orlando para demonizar as comunidades islâmicas, ressalta o proeminente movimento LGBTI escocês." Abaixo um exemplo:

"Escoceses de destaque estão entre os signatários de uma carta aberta publicada hoje no The National, condenando o uso do massacre em Orlando por figuras como Donald Trump que usam o massacre para jogar mais lenha na fogueira da islamofobia."

Pode até haver quarenta e nove gays mortos, mas esses ativistas sabiam em cima de quem eles iam jogar a culpa.

Entre outras coisas o conteúdo da carta assinalava o seguinte:

"Na esteira da atrocidade, tem sido ainda mais angustiante ver diversos observadores de extrema-direita procurarem nivelar os assassinatos com o Islã e com isso jogar mais lenha na fogueira da islamofobia."

"Queremos salientar que nosso posicionamento nada tem a ver com algum tipo de solidariedade para com a comunidade LGBT+ e, de todo coração, rejeitamos qualquer tentativa de usar os assassinatos em Orlando como meio de demonizar comunidades inteiras com base nas ações de um indivíduo."

Uma série de artimanhas estão sendo engendradas. Não menos importante é o enxovalhamento das poucas pessoas (de todas as correntes políticas) que expressam preocupação no tocante à violência islamita como se fossem de "extrema-direita". Outra é afirmar que essas pessoas -- ainda que sejam gays -- não representam o movimento LGBT, ao passo que o grupo em questão, visivelmente não qualificado de "extrema-esquerda" possa representar. Se alguém imaginasse que qualquer expressão genuinamente unificada de posicionamento LGBT devesse forçosamente incluir algumas vozes de centro-direita ou de conservadores, aqueles signatários discordariam.

Esta minúscula amostra de ativismo, na realidade expõe um problema muito maior. Assim como a administração Obama não consegue enfrentar -- e nem mesmo dar nome aos bois -- o problema, porque se ela o identificasse, estaria agindo de maneira totalmente contrária à sua política de sete anos, de modo que os ativistas LGBT de "extrema-esquerda" que dominam a política LGBT têm que minimizar ou fazer "desaparecer" a natureza islamista desse tipo de evento, ao mesmo tempo em que acusam aqueles que não denunciam a "islamofobia". Tal como acontece com a administração Obama, esta decisão é uma posição política. Esses ativistas gays têm a mesma visão de mundo dos "Black Lives Matter" e outros grupos que se engajam nessa espécie de campanha. Desta visão faz parte um mundo onde apenas homens brancos "patriarcais" de tradição judaica ou cristã são causadores dos problemas do mundo.

Já está mais do que na hora de apontar de forma mais ampla o que está acontecendo. Uma minúscula minoria de ativistas de extrema-esquerda, extremamente barulhenta, está fazendo uso do status LGBT como cortina de fumaça não para avançar nos direitos dos gays e sim para incrementar a política da extrema-esquerda. Os direitos dos gays são, na realidade, um contratempo dessa política -- um contratempo que eles estão dispostos a aceitar. É improvável que esta ala política da comunidade gay, que formou uma cortina de fumaça em torno do islamismo radical, irá se conscientizar do seu equívoco em um curto espaço de tempo. Se quarenta e nove mortos não foram o suficiente, então não há nenhuma razão para imaginar que mais algumas centenas serão. Contudo é de se esperar que o grande público não esqueça que aqueles que negam a existência do problema vêm de todos os segmentos da sociedade -- do alto escalão do governo dos EUA até os mais anônimos, embora fervorosos signatários da política de identidade.


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