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6 de jun. de 2016

Secretário-geral da NATO diz que Brexit aumenta "risco de instabilidade" As meias verdades de Stoltenberg





SIC, 06/06/2016





O secretário-geral da NATO considerou hoje que uma saída do Reino Unido da União Europeia (UE) aumentará o "risco de instabilidade" num contexto já marcado por "numerosas ameaças".

"Vivemos num período marcado por numerosas ameaças e instabilidade. Não precisamos de mais instabilidade mas de maior cooperação na Europa", disse Jens Stoltenberg em Bruxelas, numa altura em que as sondagens dão uma ligeira vantagem ao também conhecido por "Brexit" no referendo britânico de 23 deste mês.
"Penso profundamente no que verdadeiramente conta para a Aliança Atlântica: um Reino Unido forte numa União Europeia forte. É bom para o Reino Unido e para a UE, mas também para a NATO", afirmou Stoltenberg num encontro organizado pelo portal Politico Europe.

Para o secretário-geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte, há "grandes vantagens" em ter um Reino Unido forte no seio da EU, permitindo garantir também maior cooperação estratégica em matéria de segurança com a NATO.

Segundo uma média estabelecida pelo portal britânico WhatUKThinks (O que pensa o Reino Unido), o campo do "Brexit" sairá vencedor no referendo de 23 de junho com 51% dos votos.

Trata-se da primeira vez em cerca de um mês que os partidários da saída do Reino Unido da UE passam para a frente das intenções de voto calculadas pela organização, que não tem, porém, em conta os indecisos.


Nota do editor

Stoltenberg diz meias verdades: embora, sim, isso pode acabar gerando certa dificuldade para a cooperação, não exatamente devido ao referendo, mas dos grupos políticos que se articulam no final dele, e que há muito estão fazendo sua “carreira”, digamos assim, com as questões de imigração. A cooperação pode se extinguir pelo fato de que muitas das ações da União Europeia não são do agrado de algumas figuras da classe política, principalmente, aqueles que pendem para o lado de Moscou. No entanto, dizer que isso pode pôr em risco a segurança? Stoltenberg não parou para pensar que a União Europeia, por insistir com a questão de imigração de modo desvairado, está ela mesma pondo em risco todo o continente? Além disso, a própria OTAN está prestando um desserviço nesses últimos anos: como podem falar de segurança, quando estão colocando os seus navios para recepcionar imigrantes? Se até mesmo o FBI alega ser incapaz de dizer quem é ou não um terrorista, assim que pisam em solo americano?

Não desdenho da OTAN, creio que ela se tenha tornado necessária, mas não é imune a fracassos, e a erros, ou até mesmo a má índole de seus proponentes. A OTAN não pode se dispor a receber os imigrantes como uma força de cooperação, quando o público de modo geral se posiciona contra. Principalmente pelo fato de que eles não têm a mínima ideia de quem sejam estes imigrantes. Ao fazer isso, ao invés de estar defendendo os Estados-Membro, a OTAN na realidade vai estar trazendo o problema, e perdendo a credibilidade diante do público. Outra questão é a Turquia: a Turquia pode alegar o que for, mas é um estado autoritário hoje em dia, e isso se nota a cada dia, por meio das ações executivas do presidente de lá. Embora não esteja em evidência pelos meios de comunicação, é notório que muitos dos chamados “refugiados” que causaram problemas no ano passado, entre eles havia turcos, que nem sequer são refugiados. A Turquia tentou ajudar o Irã no seu programa nuclear, no auge das tensões entre Israel e Teerã, e o fez enquanto membro honorário da OTAN. Isso por si só configura um crime. 

Não tiro a razão da importância da OTAN hoje, principalmente para os fracos e paupérrimos estados do Leste Europeu e do Báltico, mas não posso dizer que a OTAN tem feito um bom trabalho, sendo que está sustentando um membro que constitui um governo autoritário, e que veladamente coopera com um estado patrocinador do terrorismo – quando eles mesmos não estão financiando. Stoltenberg deveria enxergar melhor a situação, pois não é por sair da União Europeia que a cooperação irá se extinguir, mas é exatamente pela União Europeia existir que essa cooperação está se extinguindo. Quanto mais Bruxelas empurra suas políticas, menos simpatia o público terá delas, e desse famigerado sonho europeu – e também, não vão querer cooperar com a OTAN, que embora seja necessária hoje, está se mostrando duma maneira com que faça que o público pense que não. Se a Rússia é um risco para a segurança da Europa hoje, antes de tudo, é graças as políticas de Bruxelas, e dos governos regionais dos Estados-Membros incompetentes e antidemocráticos.

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