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22 de jun. de 2016

Outro dia, outra emboscada de a caminhões em Calais: imigrantes criando barreiras improvisadas para distrair motoristas em nova tática enquanto tentam chegar ilegalmente à Grã-Bretanha

MailOnline, 21 de junho de 2016. 



Por Josh White



Enquanto centenas de imigrantes lutam correndo das zonas de conflito, outros imigrantes tentam esgueirar-se em caminhões que vão em direção ao Reino Unido, com ações das quais os motoristas descrevem como sendo uma nova tática preocupante daqueles que procuram usá-la para atravessar o Canal: criando os seus próprios bloqueios de estradas. 

Em vez de esperar pela oportunidade de embarcar em caminhões estacionados, grupos de homens usando cones de trânsito criam obstáculos improvisados. 


Assim os motoristas são obrigados a parar e sair de suas cabines para remover as obstruções, e os imigrantes aproveitam a distração e sobem abordo dos veículos. 






Centenas de imigrantes foram fotografados na segunda-feira usando essa tática. 

Os homens, que parecem ser de origem africana, usavam cones de trânsito para forçar um motorista de caminhão húngaro a parar. 

Como o motorista tinha que descer para remover a obstrução, os indivíduos se moviam para a parte de trás do caminhão. 

Outro homem correu para o lado oposto da cabine vazia na tentativa de entrar. À medida que mais imigrantes se aproximavam do caminhão, um homem se levantou em direção a janela do lado do motorista. 

O motorista estava autorizando-o para ir para a parte de trás do caminhão, mas a esta altura três imigrantes estavam sob o teto do caminhão. 

A enorme operação de policiamento e gestão do tráfego francês em estradas em torno da Selva [de Calais] pode ter indevidamente encorajado essa nova tática. 

Um vasto número de cones de tráfego à esquerda na estrada depois de serem usados para filtrar o tráfego e mantê-lo longe da vizinhança do campo – fornece ampla “munição” para que criem bloqueios de estradas. Alguns relatórios também sugerem que os imigrantes atiravam galhos e até mesmo colchões nas estradas na tentativa de segurar o tráfego. 

Um porta-voz da prefeitura Norte, que abrange Calais, disse que até 300 imigrantes estavam envolvidos nos confrontos, que começou às 15hs na segunda-feira. “Um número de policiais foram mobilizados e usaram gás lacrimogêneo para dispersar os imigrantes na estrada. Ao mesmo tempo, a segurança em torno do porto de Calais foi reforçada”. 

Discutindo as prisões, o porta-voz disse: “Dois imigrantes foram detidos por atirar projéteis, mas depois eles foram libertados sem acusação."





 Ontem, as estradas estavam cheias de pedras e outros detritos, conforme os caminhões voltavam em direção à selva. Grupos de imigrantes ficaram em pontes assistindo os veículos que passam, enquanto outros caminharam em direção ao porto. 

Nesse cenário caótico, os moradores do acampamento na esquálida selva atiravam tijolos em veículos, enquanto outras faziam o trajeto na entrada do Eurotunnel ou mergulhavam no Canal para tentar fazer a travessia.  

Motoristas britânicos foram forçados a passar através das nuvens de gás lacrimogêneo, enquanto atravessavam o porto francês na segunda-feira, enquanto os imigrantes criavam barreiras improvisadas para tentar subir na parte de trás dos caminhões. Outros tentavam arrombar as portas dos caminhões do Reino Unido, em cenas que uma testemunha abalada descreveu como “totalmente caótica”. 

Multidões também teriam entoado “F***** Reino Unido,” conforme “mísseis” [balas de gás] caíam sobre a estrada que leva ao porto, que foi quase que totalmente interditada por estar abarrotada com esquadrões de policiais franceses. Dois imigrantes, incluindo um da Síria, foram presos perto do campo de refugiados da selva, onde começou o protesto violento. 

Uma testemunha inglesa disse que a situação estava “fora de controle”, enquanto outro comparou os imigrantes passando pelas estradas como o “The Walking Dead”. 

Alguns dos veículos apanhados nos confrontos eram carros clássicos que tinham concorrido na corrida de resistência de 24 horas Le Mans. Outros motoristas inclusos eram torcedores ingleses retornando do torneio de futebol Euro2016. 






Becky Weatherley, de 23 anos, disse: “Foi aterrorizante. Eles eram como mortos-vivos – centenas de pessoas correndo entre os carros. Estávamos voltando de um festival de música e passamos pelo acampamento na selva. Havia centenas de pessoas lá gritando e que vieram até o portão que eles deviam tê-lo derrubado. Cerca de 400 delas saíram correndo ao lado do carro. Chegaram pulando sobre os caminhões e tentavam abrir as portas. Isso ocorria enquanto a polícia atirava gás lacrimogêneo na estrada – e ao redor do nosso carro. Nós rapidamente fechamos as janelas para que o gás não entrasse [o gás]”. 

A senhorita Weatherley, de East Sussex, disse que os imigrantes bloquearam a estrada com cones de trânsito para tentar embarcar nos veículos que passavam. “A polícia tinha armas que disparavam balas de borracha e foram atirando nos imigrantes. Eles tiveram que usar o gás lacrimogêneo – era a única maneira de controlar as multidões.”. 

O episódio é a pior onda de violência desde que os protestos em março contra a demolição de uma grande faixa do acampamento em Selva ocorreram, e desde então cresceram abruptamente outra vez. Mais de 6.100 pessoas estão vivendo numa favela improvisada, de acordo com o mais recente número de funcionários – com mais de 30 chegando todos os dias. Trabalhadores de caridade disseram que os números já ultrapassam o pico do verão passado. 

No início deste ano, as autoridades francesas demoliram áreas do trecho sul do acampamento, realocando milhares de “assentamentos improvisados” e centros designados. Outros requerentes de asilo mudaram-se para portos menores, como o de Dunkirk para fazer novas tentativas de atravessar o canal. 

Mas os esforços para dispersar o acampamento falharam. A população imigrante está crescendo ainda mais rápido do que nunca, com muitos se tornando cada vez mais desesperados para tentar fazer a travessia perigosa para o Reino Unido. Annie Garvilliescu, duma organização de caridade que ajuda os refugiados, disse: “Nós temos quase tantas pessoas como quando fizemos o primeiro despejo e a população vem crescendo a cada dia”. 






A temores crescendo também por centenas de menores não acompanhados, depois que 132 crianças solitárias chegaram em apenas um mês. Mais de 500 jovens não acompanhados estão agora a viver no acampamento – alguns com apenas dez anos. Alex Macheras, analista de aviação, estava viajando de volta da corrida de Le Mans, quando ele ficou preso no caos de Calais por quase um dia inteiro. 

Ele disse: “Eu estava esperando em Calais para passar pelo Eurotunnel e, em seguida, atravessar na segunda-feira à tarde. Foi um caos total; policiais foram em menor número e imigrantes estavam jogando tijolos nos carros, incluindo carros de corrida de automobilismo, como Porsches, enquanto a maioria estava retornando de viagem de Le Mans. Foi uma cena de violência que estava fora de controle suficiente para fechar o acesso ao porto de Calais, e depois o Eurotunnel – sem nenhuma informação a não ser pelo Twitter. Eu estava preso à espera a mais de dez horas, para ser informado que não havia qualquer possibilidade de reabertura seja do porto ou do Eurotunnel, conforme a situação com os imigrantes estava fora de controle. Os imigrantes pularam na água junto à P & O para fazer a travessia enquanto a polícia francesa jogava gás lacrimogêneo e estavam completamente em desvantagem”. 

Simon Ward, de 42 anos, de Hampshire, também voltava de Le Mans. Ele disse: “Eu tive sorte de não ser atingido por pedras, mas eles conseguiram danificar alguns carros. E estavam praticamente do meu lado enquanto eu esperava na fila [congestionamento] a seis pés de distância. 

“Havia dois policiais ao lado disparando gás lacrimogêneo para que eles pudessem pegá-los, bem como os demais no meio dos tumultos. O pior de tudo foi quando subimos a colina ao lado da favela. Muitos deles tinham conseguido passar da primeira cerca e estavam dentro da segunda cerca ao lado gritando contra os motoristas e os policiais. Havia provavelmente em torno de 250 a 300 pessoas que estavam na beira da estrada esperando a oportunidade para agir. 

“Foi realmente assustador para as famílias com crianças pequenas, particularmente quando alguns saíram correndo entre os veículos e tentavam entrar nas cabines dos veículos pesados.





Autoridades do Eurotunnel disseram ontem à noite que os seus serviços estavam a funcionar normalmente. 

Entretanto, verificou-se que a Grã-Bretanha está pagando por um anel recém-reforçado de aço para parar imigrantes que atravessam para o Reino Unido trazendo mais caos às estradas de Calais. 

As autoridades locais de Calais confirmaram que 1,2 milhas de cerca extra estão sendo colocadas em volta do campo, em conjunto com holofotes de alta tensão. 

“Tudo isso é destinado a manter os imigrantes fora do porto, e longe das estradas”, disse um porta-voz do conselho de Calais, que confirmou que a Grã-Bretanha tem pago € 600.000 para as medidas. 

A nova cerca será de 13 pés de altura e coberta com arame farpado. O porta-voz acrescentou que: “Esperamos que tudo isso se torne operacional dentro das próximas semanas.”.



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