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27 de mai. de 2016

Alemanha: Perseguição aos Refugiados Cristãos pelos Muçulmanos - análise detalhada

Gatestone, 27 de maio de 2016.



"Os incidentes estão sendo deliberadamente minimizados e até acobertados".





  • Milhares de cristãos em abrigos para refugiados alemães estão sendo perseguidos por muçulmanos, não raramente pelos seus próprios seguranças, de acordo com o novo relatório da Open Doors.
  • "O maior obstáculo à realização do levantamento foi o medo de muitas vítimas de participarem dele. O temor deles não se restringia apenas em relação às possíveis consequências para eles pessoalmente e aos seus familiares que estão na Alemanha, mas também em relação aos parentes que estão em seus países de origem". — Relatório da Open Doors.
  • "Eu vim para a Alemanha fugindo de meu próprio país na esperança de ter uma vida mais segura em face dos crescentes perigos. Mas na Alemanha eu fui mais ameaçado ainda". — Refugiado cristão na Alemanha.
  • "Apesar do crescente número de denúncias sobre este problema pela mídia, sociedades beneficentes, organizações de direitos humanos, líderes da igreja e organizações cristãs, as autoridades e os políticos alemães sequer realizaram uma investigação. Dito isto, acreditamos que os incidentes estão sendo deliberadamente minimizados e até acobertados. Até em delegacias de polícia ataques motivados pela religião contra refugiados cristãos não são registrados como tais". — Relatório da Open Doors.


Milhares de cristãos em abrigos para refugiados alemães estão sendo perseguidos por muçulmanos, não raramente pelos seus próprios seguranças, de acordo com um novo relatório que assegura que na maioria dos casos as autoridades alemãs nada fazem para proteger as vítimas.

O estudo, segundo consta, alega que tanto as autoridades quanto a polícia alemãs minimizaram deliberadamente e até acobertaram o "tabu" dos ataques muçulmanos contra refugiados cristãos, aparentemente para evitar botar mais lenha na fogueira no tocante aos sentimentos anti-imigração.

O relatório, "Ataques Religiosamente Motivados Contra Refugiados Cristãos na Alemanha" (Religiös motivierte Übergriffe gegen christliche Flüchtlinge in Deutschland), foi elaborado pelo ramo alemão da organização não governamental Open Doors, que oferece suporte aos cristãos perseguidos mundo afora.

O estudo — que corrobora uma análise realizada pelo Gatestone Institute sobre a violência muçulmana/cristã em abrigos para refugiados alemães — documenta mais de 300 incidentes nos quais refugiados cristãos na Alemanha foram atacados física e sexualmente, chegando ao ponto de serem ameaçados de morte por conta da sua religião.

O relatório se baseia em entrevistas com 231 refugiados cristãos realizadas entre fevereiro e abril de 2016. Mais de 80% dos entrevistados eram do sexo masculino e mais da metade tinha menos de 30 anos. A maioria dos entrevistados veio do Irã, Afeganistão e da Síria. Dos participantes da pesquisa, nove em cada dez eram cristãos com background muçulmano. Destes, a maioria já havia se convertido ao cristianismo em sua terra natal.

Dos entrevistados, 86 disseram que já tinham sido agredidos fisicamente pelos refugiados muçulmanos e pelo staff da segurança do abrigo, muitos dos quais também são muçulmanos. Mais de 70 disseram que receberam ameaças de morte, 92 foram insultados por conta da sua fé cristã e 62 foram expostos a "música religiosa ou reza em volume alto", aparentemente islâmica. Outros disseram que foram submetidos a ataques físicos como socos, cuspidas, empurrões e abuso sexual. Cerca de 75% dos entrevistados disseram que assédio perpetrado por muçulmanos é um problema "frequente".


Representantes da ONG Open Doors, juntamente com outras ONGs concederam uma entrevista coletiva à imprensa para apresentar o relatório intitulado "Ataques Motivados pela Religião Contra Refugiados Cristãos na Alemanha" realizado pela organização Open Doors em maio de 2016.



De acordo com a Open Doors o relatório "mostra apenas a ponta do iceberg" pelo fato de "muitos refugiados estarem amedrontados, com medo de sofrerem mais dificuldades se reportarem os incidentes". Outros ainda temem que "as denúncias poderão cair em mãos erradas e oferecer perigo aos parentes que ainda se encontram em sua terra natal". O relatório revela:

"O maior obstáculo à realização do levantamento foi o medo de muitas vítimas de participarem dele. Eles temiam consequências negativas caso as informações pessoais caíssem em mãos erradas. O temor deles não se restringe apenas em relação às consequências para eles pessoalmente e aos seus familiares que estão na Alemanha, mas também em relação aos parentes que estão em seus países de origem".

"Outro obstáculo importante foi o fato das mulheres relutarem em denunciar ataques sexuais por conta da sensação de vergonha ser mais evidente entre as mulheres do Oriente Médio do que nas Ocidentais".

"Para piorar ainda mais as coisas, muitos refugiados tiveram experiências negativas com as autoridades e a polícia em seus países de origem devido a sua fé cristã". Eles estão acostumados a serem tratados como cidadãos de segunda categoria. Agora eles veem que as coisas não são diferentes em muitos abrigos para refugiados na Alemanha — um país com liberdade de religião — além disso não tiveram ajuda nem uma única vez.

O relatório inclui testemunhos de refugiados cristãos que descrevem o "constante clima de medo e pânico" nos abrigos alemães:




  • "Eu vim para a Alemanha fugindo de meu próprio país na esperança de ter uma vida mais segura em face dos crescentes perigos. Mas na Alemanha eu fui mais ameaçado ainda".
  • "A esta altura eu devo dizer que realmente não sabia que ao vir para a Alemanha e, somente por causa da minha religião, seria ameaçado tanto quanto no Irã".
  • "Os muçulmanos pintam cruzes e as sublinham com um X para nos insultar. Eles jogam lixo na frente da nossa porta. Eles ouvem o adhan (chamamento muçulmano para as rezas) e a leitura do Alcorão é feita no maior volume possível. Nós tivemos que abandonar nosso último abrigo para refugiados por causa das ameaças de morte".
  • "Em nosso abrigo para refugiados os seguranças não cumprem os regulamentos. Todas as manhãs, às 5 horas somos acordados ao som do adhan. A situação está ficando cada vez pior. Se você reclamar eles respondem que é direito dos muçulmanos. Além disso, eles nos insultam impunemente. Em nosso abrigo dois amigos receberam ameaças de morte. Muçulmanos arrancaram a corrente que tinha uma cruz como pingente do seu pescoço. Nenhum de nós ousa usar uma cruz".
  • "Quando vamos receber nossa subvenção da assistência social somos empurrados para o fim da fila. Também na cozinha somos os últimos a comer. Após a meia-noite, quando estamos dormindo, eles batem na janela e daí em diante não conseguimos mais voltar a dormir de tanto medo. E no dia seguinte, nas aulas de língua alemã não conseguimos aprender direito. Os muçulmanos nos chamam de mortad (apóstatas) e roubam a cozinha. Eles roubaram tanto da nossa comida que agora todos os quartos têm uma geladeira".
  • "Eu fui diversas vezes insultado e agredido fisicamente por muçulmanos em nosso abrigo. Todas as vezes a polícia teve que intervir. A lembrança desses incidentes ainda pesa sobre mim e eu tenho graves problemas psicológicos, eu até já tentei me suicidar. Os seguranças insultaram nossa religião e nos atacaram. Eu prestei depoimento como testemunha. Após receber ameaças de morte, fomos até a polícia juntamente com o nosso pastor e registramos uma queixa".



O relatório inclui uma exposição de Gottfried Martens, um pastor de Berlim, que descreve os incidentes da hostilidade dos muçulmanos que ocorreram no início de maio — de incidentes que a polícia ainda não se dispôs em investigar:

"Um casal de cristãos do Irã estava sendo cada vez mais hostilizado pelo líder afegão de um abrigo para asilados em Berlim. Considerados "incrédulos" ficaram sem cama, foram obrigados a dormir no chão por muitos meses. E por fim chegou ao ponto do afegão devastar o lugar onde eles dormiam e ele próprio destruiu seus objetos cristãos (círio pascal, Bíblia, newsletter da paróquia)".

"Outro cristão foi importunado por refugiados muçulmanos que entoavam o Alcorão 24 horas por dia por causa da sua conversão. Ontem à noite ele tentou se suicidar com uma lâmina de barbear. Felizmente foi salvo a tempo".

"Há duas semanas tivemos que acomodar oito refugiados de outro abrigo. Eles foram ameaçados de morte porque se recusaram a participar de uma oração ritual muçulmana no ginásio. Ao serem chamados, os seguranças se juntaram às rezas com aqueles que haviam ameaçado os cristãos. Enquanto os cristãos fugiam do hall os muçulmanos gritavam 'Allahu Akbar' (Deus é Grande) e os seguranças muçulmanos os expulsaram do abrigo sob a alegação que os cristãos é que haviam atacado os muçulmanos".

De acordo com a Open Doors:

"é alarmante que refugiados cristãos e outras minorias religiosas enfrentem a ascensão do mesmo tipo de perseguição e discriminação que enfrentavam em seus países muçulmanos de origem; e que nem mesmo na Alemanha eles conseguem ter proteção".

"Apesar do crescente número de denúncias sobre este problema pela mídia, sociedades beneficentes, organizações de direitos humanos, líderes da igreja e organizações cristãs, as autoridades e os políticos alemães sequer realizaram uma investigação. Dito isto, acreditamos que os incidentes estão sendo deliberadamente minimizados e até acobertados. Nas conversas, em caráter confidencial, com pesquisadores da Open Doors, veio à tona que até em delegacias de polícia, ataques religiosamente motivados contra refugiados cristãos não são registrados como tais".

"Como resultado, muitos casos de violência sectária não entram nas estatísticas e não são classificados corretamente em termos de gravidade e frequência. Isto significa que um grande número de violações de direitos humanos motivados pela religião, contra cristãos e outras minorias, são tratados como sem importância.

O relatório conclui com uma série de recomendações ao governo alemão com o objetivo de ajudar a aliviar o fardo dos refugiados cristãos:


  • A filiação religiosa de todos os migrantes deveria ser registrada logo no início do processo de registro dos refugiados e esses dados deveriam ser conduzidos por todo o processo de encaminhamento dos refugiados às suas acomodações.
  • As minorias religiosas deveriam ser agrupadas de tal modo que a porcentagem de cristãos e de outras minorias religiosas em relação à porcentagem de muçulmanos em abrigos para refugiados fosse praticamente a mesma.
  • Cristãos e demais minorias religiosas, vítimas de perseguição e discriminação, deveriam ser acomodadas separadamente.
  • Os não muçulmanos que compõem as fileiras do pessoal da segurança deveria ser incrementado.
  • Tanto os funcionários quanto a equipe de segurança dos abrigos para refugiados deveriam receber regularmente treinamento em segurança quanto à suscetibilidade em relação as causas que provocam o conflito religioso e de como proteger as minorias religiosas.
  • Aos cristãos perseguidos deveria ser oferecida uma lista contendo os nomes de cristãos que eles poderiam chamar em caso de necessidade.


Algumas instituições próximas ao governo alemão discordam abertamente das assertivas da Open Doors e ainda fornecem cobertura política às autoridades para que não façam nada para proteger os cristãos perseguidos.

Em março de 2016, o Konrad Adenauer Stiftung (KAS), um instituto interdisciplinar de estudos de centro-direita, independente, porém intimamente ligado à União Democrata Cristã de Angela Merkel publicou uma análise intitulada: "Cristãos sob Pressão"? (Christen unter Druck?). A análise argumenta que a perseguição dos cristãos pelos muçulmanos na Alemanha e no mundo como um todo está sendo exagerada e que de qualquer maneira não pode ser provada:

"No contexto mundial assim como na Alemanha, informações confiáveis sobre os ataques contra cristãos são difíceis de se obter. Os relatórios são na maioria das vezes subjetivos e de difícil comprovação empírica séria..."

"Há provavelmente uma série de diferentes razões para a violência nos abrigos para refugiados: o grande número de pessoas habitando um espaço pequeno por um longo período sem privacidade e em condições estressantes. A parte psicológica pode ser um outro fator: preocupação sobre o futuro,a língua e as barreiras culturais além da assimilação de memórias recentes da luta em sua terra natal. Como se isso não fosse estressante o suficiente, há ainda aquelas situações em que os perseguidores e os perseguidos em seus países de origem acabam se encontrando novamente nos abrigos para refugiados na Alemanha".

"Somando-se às lutas sectárias, situações de conflito etnicamente motivados, há por exemplo os recorrentes confrontos entre afegãos e iraquianos. Impressionante também é o grande número de conflitos envolvendo refugiados cristãos convertidos. Pouco se sabe sobre a hostilidade contra os cristãos árabes que já eram cristãos em seus países de origem".

A análise do KAS recomenda não separar os refugiados de acordo com sua filiação religiosa porque isso "enviaria o sinal errado" aos recém-chegados no tocante ao compromisso da Alemanha em relação à liberdade religiosa: "na Alemanha não há exceções culturais nem religiosas conforme o nosso entendimento sobre as liberdades civis... A Alemanha garante a liberdade de religião... Na Alemanha não há razão para que alguém sinta a necessidade de ocultar sua filiação religiosa ou que não possa se converter a uma outra religião".

A análise do KAS não apresenta nenhuma recomendação sobre como erradicar a violência sectária nos abrigos para refugiados alemães.

Em uma entrevista coletiva simbolizando o release do relatório do Open Doors, Volker Baumann, diretor de um grupo chamado Action for Persecuted Christians and the Needy (AVC) "Ação em Defesa dos Cristãos Perseguidos e Necessitados", ressaltou que chega a 40.000 o número de refugiados em abrigos alemães sendo perseguidos por causa de suas crenças religiosas.

Segundo Gottfried Martens, o pastor de Berlim, o governo alemão perdeu o controle da situação. Em uma entrevista concedida ao jornal Frankfurter Allgemeine Zeitung, ele salientou que a maioria dos cristãos que estão sendo perseguidos em abrigos alemães não ousam registrar queixa por temerem pela sua própria segurança. Nos casos em que as queixas são registradas, os muçulmanos em contrapartida, registram suas próprias queixas. Além disso é praticamente impossível provar a ocorrência de incidentes de assédio. Assim sendo a vasta maioria dos refugiados resolveu não registrar queixa para não agravar ainda mais a sua situação.

Thomas Müller, analista do Open Doors Alemanha concluiu que:

"Refugiados cristãos dos mais diversos países tentam e fracassam em encontrar segurança na Europa e é bem provável que o relatório represente apenas a ponta do iceberg. É óbvio que muitos refugiados cristãos — principalmente os convertidos para a religião cristã — vivam atemorizados da perseguição dos refugiados muçulmanos que perfazem a maioria dos residentes em albergues para refugiados espalhados pela Europa. É esclarecedor saber que cristãos perseguidos dizem a um país ocidental que reconhecem os mesmos padrões de perseguição pelos quais sofriam em seus países de origem".

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