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21 de mar. de 2016

O pesadelo de Ângela Merkel: a Alemanha enfrenta demandas por um referendo para sair da União Europeia por conta da crise migrante

Beatrix e Merkel





ExpressUK, 21/03/2016.










O Partido Alternativa Deutschland, formado em 2013, chocou o establishment alemão na semana passada com enormes ganhos de votos nas eleições estaduais.

Os resultados os têm colocado em uma posição privilegiada para desafiar a coligação CDU/CSU de Merkel nas eleições gerais do próximo ano.

Falando exclusivamente ao Sunday Express na noite passada, líderes de partidos partilharam a sua inveja do próximo referendo da Grã-Bretanha sobre a adesão a União Europeia, em 23 de Junho, e confirmaram que eles também queriam trazer uma iniciativa semelhante para a Alemanha.
Eu quero que cada Estado membro decida o que é melhor para eles, e a única maneira que nós podemos realmente fazer isso é ter um referendo, como o do Reino Unido”, disse a vice-presidente Beatrix Von Storch.

Schengen já entrou em colapso. Sob as fronteiras de Schengen a Europa deve ser protegida. E elas nãos são. Um referendo é a única maneira de o povo alemão poder verdadeiramente expressar se querem permanecer na União Europeia, se querem ficar na Zona do Euro, se querem reformar os controles das fronteiras para lidar com a crise migrante. Elas devem ter voz. Elas devem perguntar a si mesmas se querem.”.

 


Ângela Merkel na semana passada se recusou a voltar atrás em sua política de limitar o número de refugiados a quem tem dado asilo na Alemanha. Ao longo dos últimos 12 meses, mais de 1,1 milhões de imigrantes cruzaram as fronteiras da Alemanha com 300.000 beneficiários de asilo. A política vai custar aos contribuintes alemães R $ 36 bilhões até 2017, de acordo com um relatório recente.

AFD ganhou extraordinariamente 61 assentos em três parlamentos regionais na semana passada, ficando em segundo lugar com 24% dos votos na Saxony-Anhalt.

O que é ainda mais importante que o resultado em Baden-Wuertemberg, onde o SDP alcançou junto com um partido de coalizão, 15% dos votos. Nosso sucesso mostrar que as pessoas não apoiam as políticas de nossa Chanceler e todos os outros que a apoiam. Nós somos os únicos que defendem que a única maneira para a Alemanha lutar contra a crise de refugiados e imigrantes é fechar as nossas fronteiras.”.


 


Ela rejeitou as alegações de que AFD era um partido de extrema-direita, descrevendo seus pontos de vista como “conservadores sociais e liberais fiscais”.

Seu núcleo demográfico, segundo ela, estava no grupo dos 18 aos 40 anos de idade.

A maioria dos nossos adeptos são jovens e bem educados”, acrescentou. “Na verdade, o nosso grupo mais fraco é os de 60 anos. E isso é bom, porque queremos que os nossos adeptos cresçam conosco.”.


 

Ela disse que tentativas para tachar o AFD como um movimento de direita anti-islâmico como PEGIDA havia falhado.

Os nossos rivais políticos tentam nos prejudicar, nos vinculando ao PEGIDA – é a maneira mais fácil de difamar um partido político, especialmente aqui na Alemanha. Mas o povo não se deixa enganar por isso”, disse ela.

A verdade é que o CDU no poder é tão esquerdista quanto qualquer outro, mas detém uma posição de centro direita. E é nessa posição em que nós estamos de centro direita. Queremos ajudar as pessoas, é claro, mas não podemos trazer todos para a Alemanha. Quando se trata de imigração econômica dentro da União Europeia, nós pensamos que a livre circulação de trabalhadores é aceitável, desde que as pessoas estejam trabalhando. Nós não achamos que elas devem ter autorização de vir para a Alemanha apenas para tirar proveito do nosso sistema de benefícios generosos.”.

 


Na semana passada o Sunday Express relatou uma pesquisa que sugeria que um terço a mais de britânicos votaria em deixar a União Europeia, se a Turquia for autorizada a se tornar um Estado-Membro.

Indicado para as negociações em curso entre Bruxelas e Ancara, a senhorita Von Storch disse que a adesão da Turquia à União Europeia também seria um problema para os cidadãos alemães.

Em última análise, devemos proteger nossas fronteiras. Devemos distinguir entre imigrantes e refugiados, tanto fora da União Europeia, quanto dentro”, disse a senhorita Von Storch.

A União Europeia vê a Turquia como a resposta para os nossos problemas de imigração. Bem, o Presidente Erdogan sabe como jogar o jogo, e ele vai tentar acelerar o processo de adesão. Isso pode angariar mais apoio para nós, que somos o único partido suscetível a se opor a isto.”.

No entanto, a AFD não é parte do problema, ela disse, indicando outras áreas onde a interferência da União Europeia tem feito mal a Alemanha.


Nossa plataforma familiar tem influencia onde os democratas cristãos tinham há dez anos – com os valores conservadores e sociais. Ainda acreditamos na ideia de família nuclear, com uma mãe, um pai e seus filhos. Infelizmente, isso se tornou uma ideia inédita na Alemanha de hoje”, disse ela.

Por exemplo, nós acreditamos que as mães devem ter um tempo necessário para ficarem em casa, para criar os seus filhos, o que deveria ser reconhecido da mesma forma como um trabalho em tempo integral, quando se trata do cálculo de seus direitos de pensão.”.

O processo de Bolonha, no nível da União Europeia de reforma adotada pelos 33 Estados membros, incluindo o Reino Unido para trazer em conjunto sistemas de ensino superior para toda a Europa, também tem sido um fracasso para a Alemanha, disse ela.

Perguntado se o AFD continua a representar uma ameaça para Ângela Merkel e a coalizão governista, ela respondeu: “Nossas eleições gerais estão a 18 meses de distância, e isso é muito tempo. Tenho certeza de que os problemas que estamos enfrentando agora só vão aumentar, e vamos ganhar ainda mais apoio quando as pessoas perceberem que somos o único partido com respostas para os problemas reais que afetam os alemães.”.

Nota do editor do blog

A "Desfederalização" da Europa PART I

Isso é bem intrigante, na fala da líder do grupo AFD. Ela diz que grupos de oposição estão tentando vincular o seu partido com os PEGIDA, e a parte irônica nisso, é que o PEGIDA, tem dado apoio informal ao partido, como uma saída para a crise nas próximas eleições. Isso não é uma controversa somente do partido AFD, e de sua líder Beatrix Von Storch, o líder do Partido Para a Independência do Reino Unido (UKIP), Nigel Farage, também tem agido da mesma maneira, quando perguntado se ele é favorável a movimentos como os PEGIDA alemães, e britânicos, agora dirigido por Paul Weston, do Liberty GB, um grupo de ativismo anti-islâmico que atua na Grã-Bretanha. Farage chegou ao ponto de ser muito duro em sua negação de vínculo com o grupo, de modo que os membros e simpatizantes se sentiram até incomodados.

O mais notório em Farage, é que ele apoia inteiramente Vladimir Putin em sua empreitada por domínio e poder na Europa, e no Oriente Médio, chegando ao ponto de declarar em pleno Parlamento que ele (Putin) é o verdadeiro líder da Europa, e não Angela Merkel, o seu desafeto pessoal. Para mim essas ações similares entre Farage e Beatrix não é por um acaso. O único político, até onde eu sei, que formalmente deu apoio aos PEGIDA, chegando a ir até em um de seus comícios foi Geert Wilders, do partido VVD (Partido para a Liberdade e Democracia), partido liberal da Holanda. O restante dos chamados “líderes de direita” nem sequer se aproximaram – como a notória líder da Frente Nacional francesa (FN) Marine Le Pen. 

Farage me surpreendeu por não querer aproximação com o EDL britânico, ou o Liberty GB de Paul Weston – mas o que realmente me impressionou foi o fato de não ter aproximação com o grupo Britain First, que é totalmente pró-Putin. A controversa em volta destes partidos se dá pelo fato de que muitos deles apareceram num momento oportuno, e que em muitos casos, tem uma simpatia singela pelo líder russo, Vladimir Putin. Ainda não tenho certeza concernente a este, mas pela similaridade de ações entre ele, e o UKIP da Grã-Bretanha, eu diria que as probabilidades de estarem em conluio com o Kremlin é grande. Outro fato é a adesão da Turquia ao bloco: caso isso ocorra, como bem foi levantado no artigo – os países europeus sobressalentes quererão imediatamente o seu referendo. Isso poria um fim de vez a União Europeia, criando um vácuo, aonde outro grupo mais forte se impusesse. No caso serão os russos. 

A Turquia tem sido a base e a porta de entrada para refugiados e terroristas, e isso tem se provado verdadeiro desde o ano passado, quando um navio boliviano foi pego por autoridades gregas indo em direção à Líbia, carregado com armas pesadas. Porém, soube-se que o navio, antes de ser apreendido, estava aportado na Turquia. Até hoje o governo turco ainda não deu uma boa explicação. Acusações de todos os lados vêm sobre a Turquia, de que estariam barganhando petróleo com o Estado Islâmico, enquanto beneficia o grupo, permitindo que ele adquira mais territórios. É claro, o principal acusador nesse caso é a Rússia, que embora esteja dizendo a verdade, também está marcado pela Comunidade Internacional, como principal beneficiário da crise, pois com o Irã e o Líbano, está adquirindo ganhos significativos, segundo eles próprios. Seja qual for o destino da Europa, uma coisa é certa: ela será “Desfederalizada”, para chegar até a próxima etapa. 

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