2 de mar. de 2022

Análise do livro "O Estabelecimento Anglo-Americano" de Carroll Quigley - Parte 4

O Establishment Anglo-Americano imagem arquivo duanehayes



Leitura Felipe Folgosi 



Autor Carroll Quigley 




Prefácio do Livro:



O professor Carroll Quigley apresenta as "chaves" cruciais sem as quais os eventos políticos, econômicos e militares do século XX nunca podem ser totalmente compreendidos. O leitor verá que isso se aplica a eventos passado-presente e futuro. "As Bolsas Rhodes, estabelecidas pelos termos do sétimo testamento de Cecil Rhode, são conhecidas de todos. O que não é tão amplamente conhecido é que Rhodes em cinco testamentos anteriores deixou sua fortuna para formar uma sociedade secreta, que deveria se dedicar à preservação e expansão do Império Britânico. E o que parece não ser do conhecimento de ninguém é que esta sociedade secreta... continua a existir até hoje... Este grupo é, como mostrarei, um dos mais importantes fatos do século XX”.

A Sociedade Fabiana e Seus Membros Atuantes no Passado e no Presente


Desde janeiro de 2008, o mundo voltou sua atenção para o novo presidente americano, Barack Obama. Isto é compreensível, pois o carisma de Obama e seu slogan de campanha, "Mudança", despertaram a imaginação das pessoas nos EUA e em todo o mundo. A "mudança" está acontecendo; em vez de grande governo, existe agora o governo gigante e, em vez de níveis incontroláveis de dívida pública, o que existem agora são níveis inimagináveis de dívida pública. Nas questões mundiais, o presidente Obama assumiu uma posição decisivamente pró-internacional. Mas, Obama é agora um novo ator na política internacional e seu apoio público à governança global — conquanto real e documentável [2] — é relativamente brando em comparação ao seu colega no outro lado do Atlântico. Pelo menos por enquanto...

Se alguém tem sido um pregador da mudança global, este é o primeiro-ministro britânico Gordon Brown. Desde que assumiu o cargo em 2007, Brown tem apelado incessantemente a um novo internacionalismo. Quando ouvimos seus discursos, parece até que ele está mais interessado em defender uma ONU investida com maiores poderes e um superestado europeu, do que defender uma Grã-Bretanha independente, livre e próspera.

Mas isto tem alguma relevância para aqueles que estão fora do Reino Unido?

Para aqueles que moram na Inglaterra e em outros países europeus – e de certa forma nos países da Comunidade Britânica de Nações — a posição de Brown é entendida: é o desejo de dar à luz uma "internacional socialista" bem-sucedida. Porém, para aqueles que moram em outros lugares, o nome de Gordon Brown pouco importa. Afinal, por que alguém que reside em Cleveland (EUA) se preocuparia com o que o primeiro-ministro britânico diz ou apoia?

Por que a Grã-Bretanha é uma líder global, que exerce enorme influência em seus papéis nas Nações Unidas e na OTAN, e sua contínua liderança na Comunidade Britânica de Nações (um grupo formado por 53 países). Além disso, a Grã-Bretanha é uma das principais detentoras de títulos da dívida do Tesouro dos EUA. Na verdade, o Reino Unido é atualmente o sétimo maior detentor de títulos americanos (os dez maiores, em ordem decrescente, são China, Japão, Centros Bancários do Caribe, países exportadores de petróleo — OPEP, Brasil, Rússia, Reino Unido, Luxemburgo, Hong Kong e Taiwan). [3]. E isso não é nada comparado com o papel que a Grã-Bretanha desempenhou como um agente histórico durante os últimos cem anos ou mais; poucos países moldaram o cenário global como a Grã-Bretanha fez. [4].

E agora o líder britânico está tentando criar uma rota para atravessar a tempestade econômica global. Neste sentido, o país teve a presidência do G20 em 2009. O G20 é um grupo formado pelos Ministros da Fazenda e presidentes de Bancos Centrais dos vinte países mais industrializados e desenvolvidos; ele é o principal veículo que está sendo usado para nos guiar durante o furacão financeiro; como o mundo funcionará no outro lado será reflexo da visão do G20.

Então a Grã-Bretanha é importante para os moradores de Cleveland ou de qualquer outro lugar fora do Reino Unido? Ela foi importante no passado, é importante hoje e será ainda mais no futuro. Soluções globais são necessárias, ou é isto que nos dizem, para corrigir os problemas globais. O homem que reside no número 10 de Downing Street (NT: A residência oficial do chefe do governo britânico), o primeiro-ministro Gordon Brown acredita piamente nisso. Aliás, ele vê a crise atual como uma oportunidade para introduzir mudança global.

Hoje, a voz dele pode ser ouvida desde o salão do Parlamento Europeu, onde ele propôs recentemente a criação de uma "sociedade realmente global", [5] até o salão do Congresso dos EUA, onde ele proclamou que "devemos aproveitar o momento, porque nunca antes vimos um mundo com tanta vontade de se unir." Como um disco riscado, que repete sempre as mesmas palavras, ele lembrou o Congresso que "a nova verdade comum é que problemas globais requerem soluções globais." [6].

No mundo perfeito de Gordon Brown, como seria isto? Uma pista foi dada no Fórum Econômico Mundial de 2009, em Davos, Suíça (no dia 30 de janeiro, durante a sessão "Renovando o Crescimento Econômico"). Durante a discussão, o moderador dirigiu a Brown uma pergunta ligeiramente capciosa focando na necessidade de um governo mundial. O primeiro-ministro respondeu com uma promoção velada de um governo mundial:


Moderador: "Primeiro-ministro Brown, o Sr. fala muito sobre a necessidade de uma melhor governança global, mas o problema geralmente é que os países não querem abrir mão de sua soberania... Como podermos ter uma governança global sem órgãos globais, supranacionais, que não são bem vistos pelas pessoas no seu país e no meu, os Estados Unidos? Há uma grande desconfiança com relação a essas organizações, como a Organização Mundial do Comércio ou a União Europeia. Seria a solução aqui criar mais organizações desse tipo?

Gordon Brown: "... existem mercados de capital global, existem fluxos financeiros globais, mas só existem supervisores nacionais. E não dá certo quando existem atividades transnacionais e ninguém praticamente sabe o que está acontecendo. E então se descobre durante uma crise, que existem bancos ou instituições financeiras que sempre foram internacionais, mas que agora se encontram em dificuldades e a única forma de socorro existente é nacional e não internacional. Portanto, acredito que as pessoas estão percebendo que a cooperação internacional de que estamos falando é essencial. Estamos em um sistema econômico mundial, como se poderia sequer pensar que é possível resolver crises financeiras globais sem existir um nível de cooperação mundial? Isso me parece absolutamente óbvio."

"O problema é que nossas instituições foram criadas nos anos 1940s e para economias protecionistas, para concorrência limitada, para fluxos de capitais nacionais e não globais. Portanto, temos de remodelar essas instituições…"

"Este é o problema. Ainda não temos instituições internacionais que funcionem bem o suficiente, embora façamos parte de uma economia global, que todos sabem ser global e que não deixará de ser global no futuro. Se não agirmos, as tendências protecionistas se tornarão maiores e falharemos logo no primeiro passo para construir uma nova era global, onde espero que uma economia global levará a uma verdadeira sociedade global."




Grandes Planos para uma Sociedade Global


As ideias de Gordon Brown não são só dele. A Grã-Bretanha, assim como os EUA, possui uma longa história de aspirações a um governo mundial. Clarence Streit, um pioneiro na defesa de uma Federação Atlântica e, posteriormente, um lobista pró-reforma da OTAN, testificou esse fato em seu livro Union Now With Britain, publicado em 1941:

"Os Estados Unidos e a Grã-Bretanha têm sido, individualmente, grandes defensores de um governo tanto local como geral. Nenhum outro povo provou ter uma mentalidade tão provinciana como esses dois. Ninguém tem feito tanto para estabelecer um governo mundial como nós, americanos e britânicos." [7].

Ao longo das décadas, a liderança global americana incluiu homens como o presidente Woodrow Wilson (criador da Liga das Nações), Samuel Gompers (Organização Internacional do Trabalho), Elihu Root (Corte Internacional), Owen Young (Banco Mundial) e os presidentes Roosevelt e Truman (Organização das Nações Unidas). Comentando sobre essas primeiras instituições, Clarence Streit observou o papel essencial da Grã-Bretanha:

"Para sermos justos, precisamos também admitir que foi principalmente o apoio britânico que permitiu que cada uma dessas quatro experiências inestimáveis em matéria de governo mundial — Liga das Nações, Corte Internacional, OIT e Banco Mundial — se materializassem e não ficassem apenas no papel." [8].

É impossível documentar o alcance das ações globalistas britânicas em apenas um único artigo, mas um exame de alguns indivíduos essenciais será suficiente para demonstrar a dimensão histórica do "pensamento internacional" no Reino Unido.

Por que isto é importante? Porque compreender os alicerces nos dará uma importante plataforma para a observação da visão de "sociedade global" de Gordon Brown, que é hoje o maior defensor de um governo global — mais do que o presidente Obama, mais do que a chanceler alemã Angela Merkel e talvez mais até que o Secretário-Geral da ONU, Ban Ki-Moon. Nos grandes planos de Brown todos nós viveremos sob um sistema socialista de governo mundial.

Vejamos rapidamente três figuras históricas da Grã-Bretanha e a busca delas por uma nova sociedade global.


Leiam as partes 1,2, 3, 5,6


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Fonte: trechos do artigo Sociedade Fabiana.

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