12 de mar. de 2019

Um Projeto para Transformar a França

Gatestone, 11 de março de 2019









Após a 16ª manifestação que ocorre aos sábados patrocinada pelos "coletes amarelos", que começou em novembro último contra o aumento no preço dos combustíveis decretada pelo presidente francês Emmanuel Macron, a situação, ao que tudo indica, se agravou ainda mais.

Isso ficou claro em 13 de fevereiro, quando um pequeno grupo de manifestantes começou a insultar o filósofo judeu francês Alain Finkielkraut, que nasceu e mora em Paris, ao ser visto em uma calçada. Um homem gritou: "cale a boca, sionista de m*", "vá para casa em Tel Aviv", "a França é nossa", "Deus irá te punir." Um cinegrafista filmou o incidente e depois compartilhou o vídeo nas redes sociais. Isso provocou um escândalo. O movimento "coletes amarelos" como um todo foi imediatamente acusado pelo governo francês de antissemitismo e "fascismo".


Finkielkraut sustentou que ele não havia sido atacado como judeu e sim como apoiador do Estado de Israel. Na sequência ele salientou que o sujeito que o insultou não falava como "colete amarelo" e que a expressão "Deus irá te punir" faz parte da "retórica islâmica". Os policiais que viram o vídeo identificaram o homem que proferiu os insultos, um muçulmano radicalizado, que no dia seguinte foi preso.

Nos dias que antecederam o incidente, inúmeros atos antissemitas ocorreram em Paris e nas proximidades. A palavra alemã "juden" (Judeus) foi pintada na vitrine de uma padaria judaica, suásticas desenhadas com um pincel atômico preto nos retratos da ex-ministra judia Simone Veil, árvores que tinham sido plantadas em homenagem a Ilan Halimi, jovem judeu que foi sequestrado, torturado e assassinado em 2006, foram destruídas. Apesar das investigações, até agora não foi comprovada relação alguma entre o movimento "coletes amarelos" e qualquer um desses atos antissemitas. O governo francês, no entanto, continua acusando os "coletes amarelos" de serem, no mínimo, parcialmente culpados.

Ao publicar as estatísticas sobre atos antissemitas cometidos em 2018, o governo francês constatou um salto de 74% em comparação com o ano anterior, o porta-voz do governo vinculou de maneira implícita o avanço nos "distúrbios" que vêm ocorrendo na França aos "coletes amarelos".

Enquanto isso, uma manifestação contra o antissemitismo organizada para o dia 19 de fevereiro pelo Partido Socialista e pelo partido Em Marcha (criado por Macron), teve a concordância da participação de quatorze partidos. No entanto, o partido União Nacional de Marine Le Pen, foi deixado de fora. Os organizadores disseram que, em virtude da União Nacional fazer parte da "extrema direita", ela não poderia participar de um protesto contra o "perigo fascista". Algumas palavras de ordem: "Basta", "Não ao ódio" e "Antissemitismo não é a França". Os ex-presidentes Nicolas Sarkozy e François Hollande tomaram parte do protesto. O primeiro-ministro Edouard Philippe falou de uma "França unida". O cantor muçulmano Abd al Malik foi convidado a cantar o hino francês.

Durante o evento, o Presidente Macron prestou homenagem no Memorial do Holocausto em Paris. No dia seguinte ele participou do jantar anual do CRIF (Conselho Representativo das Instituições Judaicas), e proferiu um discurso contra o "ódio racista". A fim de se certificar que os presentes entendessem que ele estava se referindo aos "coletes amarelos", ele usou uma expressão que havia usado em 31 de dezembro: "multidões de ódio".

Membros do governo continuam retratando o movimento "coletes amarelos" como antissemitas e "fascistas", apesar do pequeno detalhe de que não há nada que prove qualquer culpa do movimento nos recentes atos antissemitas. O movimento "coletes amarelos" só começou em novembro e, portanto, não pode ser responsabilizado pelo aumento no número de atos antissemitas do ano inteiro de 2018. Pequenos grupos antissemitas que tentaram se infiltrar nas manifestações dos "coletes amarelos" foram rapidamente expulsos. O movimento "coletes amarelos" é fundamentalmente um movimento contra os impostos que muitos franceses consideram arbitrário, ele não tem nada a ver com antissemitismo ou "fascismo".

O antissemitismo na França vem ganhando força. Nos últimos 15 anos, onze judeus foram assassinados na França por assassinos antissemitas, muitas vezes com requintes de crueldade. Em um número cada vez maior de bairros, o dia a dia dos judeus franceses virou um pesadelo. Muitos dos que dispõem de recursos deixaram a França. Outros tantos que ainda não foram embora se mudaram para regiões mais seguras do país. Nas últimas duas décadas, 20% dos judeus franceses (100 mil indivíduos) emigraram e dezenas de milhares abandonaram lugares inseguros como o Seine-Saint-Denis e se mudaram para o interior da França.

Alguns jornalistas observaram que a decisão de mobilizar a população contra o "perigo fascista" e unir quase todos os partidos políticos, excluindo a União Nacional, deu a impressão de ser uma manobra política desleal além de tendenciosa. Esses jornalistas enfatizaram que a maioria dos ataques antissemitas e todos os assassinatos de judeus na França não foram cometidos por integrantes da União Nacional nem por "fascistas" e sim por muçulmanos extremistas.

Também em 19 de fevereiro, dezenas de milhares de pessoas em toda a França protestaram contra o antissemitismo. Com certeza esses protestos seriam louváveis, se não tivessem uma agenda furtiva. Inúmeros comentaristas, no entanto, acreditam que era exatamente isso que estava acontecendo.

Alguns líderes comunitários enfatizaram que a manifestação contra o antissemitismo era uma operação política que visava demonizar os "coletes amarelos" com o objetivo de despertar medo de um perigo inexistente, a fim de ajudar o partido Em Marcha a vencer as eleições europeias em maio.

Outros observaram que a realização de uma manifestação que excluía o partido de direita União Nacional foi uma medida destinada a desviar a atenção do verdadeiro perigo antissemita. Eles também sugeriram que os partidos políticos que apoiam os assassinos dos judeus eram precisamente aqueles que negam que o Islã radical seja um perigo.

Comentaristas da redes televisivas apontaram que em grande medida o governo ignorou a dimensão "antissionista" dos insultos dirigidos a Finkielkraut. Eles também observaram que a presença nas manifestações de partidos como o Partido Comunista Francês e Ecologia Europa que apoiam terroristas que assassinam judeus, é estarrecedor.

Gilles William Goldnadel, Presidente Honorário da Associação França-Israel, publicou um artigo no jornal Le Figaro onde afirma:

"Jogar a culpa nos coletes amarelos (para não mencionar o islamismo) é um ato de covardia... Pedir para que as pessoas façam passeatas contra o antissemitismo e ao mesmo tempo, de maneira cínica, rejeitar a presença de partidos políticos em nome de uma fantasia antifascista e aceitar estar ao lado de partidos que apoiam assassinos (de judeus) é um descalabro... É o islamismo que mata os judeus na França. Não podemos esquecer isso. Desde 1945 cada gota de sangue judeu derramado na França foi obra do islamismo ".

O parlamentar Meyer Habib assinalou que "a hipocrisia atingiu novos patamares quando partidos que elogiam terroristas alegam lutar contra o antissemitismo". Ele enumerou no Parlamento a lista de judeus assassinados na França e deu os nomes dos assassinos para mostrar que todos eles eram muçulmanos radicalizados. Ele salientou que a mobilização deveria ser uma mobilização contra o "Islã radical", não contra os "fascistas".

Em uma entrevista concedida a uma rede de TV, o autor Éric Zemmour definiu o comportamento de Macron e do governo como um "baile a fantasia de bombeiros piromaníacos":

"Eles alegam lutar contra o antissemitismo atacando fascistas imaginários e dizem lutar juntamente com os esquerdistas que apoiam os assassinos antissemitas, mas nada fazem contra a islamização da França, que é a principal fonte do antissemitismo na França de hoje...
"Tanto Macron quanto o governo estão acelerando o avanço do islamismo, abrigando na França a cada ano centenas de milhares de imigrantes muçulmanos vindos de países onde o antissemitismo é onipresente, continuando a repetir cegamente que o Islã é uma religião da paz. Eles contribuem ativamente para o recrudescimento do antissemitismo ao denunciarem de maneira extremamente tímida o antissemitismo muçulmano".

Zemmour ressaltou:

"Macron odeia os coletes amarelos e quer que eles se explodam. Ele quer ganhar as eleições europeias e necessita do voto muçulmano. Ele está cansado de saber quem são os antissemitas de hoje, mas não os atacará. Ele precisa deles. Ele só ataca aqueles que representam perigo."

Ele concluiu dizendo que acredita que "Macron e o governo poderiam alcançar seus objetivos no futuro imediato", o que significa derrotar os coletes amarelos e vencer as eleições, mas que o futuro da França parece sombrio:

"Macron acha que a situação está sob controle. Ele está errado. Enquanto ele apelar para o fascismo com o intuito de destruir os coletes amarelos e ganhar as eleições, uma aliança está se formando entre a extrema esquerda, que busca recrutar jovens muçulmanos suburbanos para lutarem contra o capitalismo e islamistas, que estão buscando aliados para islamizar a França. Macron acha que ele está usando os muçulmanos, na realidade são os artesãos da islamização que o estão usando".

Zemmour também se referiu ao homem que insultou Finkielkraut e gritou "a França é nossa":

"Os islamistas têm planos. Eles nem se preocupam em esconder isso, mas ninguém presta atenção quando se pronunciam a respeito. O projeto de conquista islâmica está em andamento na França. É isso que deveria preocupar os judeus".

O jornalista Ivan Rioufol, também fez uso do termo "baile a fantasia", ao falar de uma luta liderada pelo governo contra "fascistas quase inexistentes" e do "uso da luta contra o antissemitismo" para esmagar "um antissemitismo quase inexistente" ao mesmo tempo que poupa "o antissemitismo que ataca e mata".

Em uma recente entrevista, Finkielkraut realçou: "se alguém disser: a França nos pertence, isso significa (para ele) que a França está destinada a se tornar solo islâmico".

Em um texto publicado em 23 de novembro de 2018 em um dos principais sites muçulmanos da França, islametinfo.fr, o pregador islamista francês Elias d'Imzalene escreveu:

"Cabe a nós dar um significado político à revolta. O objetivo não é simplesmente contestar o aumento nos impostos, mas o sistema político que o induz... Quem é mais legítimo do que o muçulmano politizado, que assume sua função de despertar as massas e recusar a opressão, para se tornar a vanguarda da revolta?"

O documentário, sob falsa identidade , do jornalista Zvi Yehezkeli, mostra em detalhes como algumas organizações islamistas estão se preparando para ser a "vanguarda da revolta", usando toda e qualquer oportunidade disponível para assumir o controle da França. Uma das pessoas por ele entrevistadas, um líder da Irmandade Muçulmana na França, disse que a Irmandade Muçulmana está ganhando terreno e pode contar com a ajuda do governo francês, que subsidia suas atividades. O homem exibiu documentos na frente da câmera para provar o que estava dizendo. A impressão é visível. O documentário nunca foi transmitido na França.

Voltando ao discurso de Macron no jantar do CRIF: ele falou rapidamente sobre "um antissemitismo baseado no islamismo radical", mas imediata e incorretamente disse: conforme o presidente turco Recep Tayyip Erdogan disse, "Islã é Islã". Ele definiu o "islamismo radical" como uma "religião deformada" e não o verdadeiro Islã. Com a mesma rapidez ele disse que "o antissionismo é uma forma de antissemitismo", mas que não pleitearia uma votação sobre uma lei que condenasse o antissionismo.

Mais do que depressa Macron salientou que pretende lutar contra "outros ódios: o ódio contra os muçulmanos, o racismo em todas as suas formas, o racismo anti-LGBT". Ele disse que irá proibir associações que "alimentam o ódio". Na sequência, dando nome aos bois, ele indicou três associações que pretende banir o mais rápido possível: o minúsculo grupo neofascista Social Bastion e dois grupos nazistas extremamente minúsculos, Blood & Honor Hexagon e Combat 18. Ele não mencionou nenhum grupo de esquerda, antifascista ou islâmico, muito embora eles sejam claramente responsáveis por grande parte da violência cometida ao final das demonstrações dos "coletes amarelos" e que seriam facilmente identificáveis: muitos têm sites ou endereços físicos.

Macron declarou que "a política externa da França é de conhecimento público", mas não entrou em detalhes. Não daria para ele simplesmente lembrar o público judeu que a França é um dos principais apoiadores da Autoridade Palestina ou que ele tenha "lamentado" a decisão de Israel de congelar os fundos usados pelo líder da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, para recompensar os assassinos de judeus e suas famílias ou que ele tenha trabalhado por meses a fio juntamente com a Alemanha e o Reino Unido para criar um mecanismo comercial destinado a ajudar o Irã dos mulás, que repetem obstinadamente que pretendem varrer Israel do mapa.

Em 20 de fevereiro a 15ª manifestação dos "coletes amarelos" teve lugar em Paris sem maiores incidentes. A polícia usou um número bem reduzido de bombas de efeito moral, mas ninguém ficou ferido. Não houve nenhum ataque antissemita. Uma mulher totalmente coberta pelas vestimentas muçulmanas, usando um colete amarelo no qual foram escritos slogans antijudaicos, foi convidada a se retirar dos protestos pelos manifestantes. Ela estava acompanhada por alguns homens com barbas que também usavam coletes amarelos. Todos eles deixaram a manifestação em silêncio.

No dia seguinte, no centro de Paris, foi realizada outra demonstração. Os defensores dos palestinos se aglomeraram para exigir a libertação de "prisioneiros políticos palestinos". Eles acenaram com fotos de pessoas que foram condenadas pelo assassinato de judeus e que agora estão em prisões israelenses, e cartazes onde se podia ler: "Israel mata crianças palestinas", "Destruam o apartheid israelense" e "Morte a Israel". Macron e o governo francês ao que tudo indica, acham que não há nada de mais com os organizadores dessa demonstração.

Dr. Guy Millière, professor da Universidade de Paris, é autor de 27 livros sobre a França e a Europa.

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