28 de mai. de 2018

Espanha – Governo espanhol perto de ruir: a crise na política espanhola



Euronews, 28 de maio de 2018



Por António Oliveira e Silva 



É esta quinta-feira que se debate no Congresso dos Deputados a moção de censura registada pelo maior partido de oposição em Espanha, o PSOE (centro-esquerda).

O debate na câmara baixa tem como objetivo o fim do Governo do presidente Mariano Rajoy (PP, centro-direita) e a convocação de eleições legislativas antecipadas em Espanha.

Pedro Sánchez, secretário geral do PSOE, comprometeu-se a levar a cabo um processo rápido, reduzindo ao mínimo o tempo para negociar apoios com possíveis apoiantes, desde os antissistema de esquerda do Podemos (Pablo Iglesias) a nacionalistas e independentistas.



O PSOE justifica a moção com as sentenças do chamado Caso Gürtel, tido como a maior rede de corrupção intitucional desde o regresso de Espanha ao sistema democrático, com a Transição de 1976.

O pleno reúne por volta das 09:00 locais e a votação deverá ter lugar na tarde do dia seguinte. Um processo que apenas poderia ser impedido pela muito improvável demissão de Mariano Rajoy ou pela anulação da moção, o que o PSOE já disse que não tem a intenção de fazer.

As reações no seio do Partido Popular foram duras. Os conservadores criticaram os socialistas por precisar do apoio de nacionalistas bascos e catalães. A secretária geral do Partido, Maria Dolores de Cospedal, disse que o PSOE poderia vir a tornar-se num inimigo do Estado de Direito.

Espera-se agora pelo apoio ou abstenção dos liberais centristas do Ciudadanos.

O líder, Albert Rivera, disse que partido está disposto a apoiar a moção do PSOE com uma condição: que seja apresentado um candidato independente para as consequentes eleições gerais antecipadas.

O Caso Gürtel manchou, mais uma vez, a imagem dos representantes do Partido Popular, com condenações pesadas para vários dos acusados no processo.

O própio PP foi condenado a pagar uma multa de quase 250 mil euros, ao considerar o tribunal que o partido lucró com as práticas ilegais de vários dos seus membros, incluindo o antigo tesoureiro, Luís Bárcenas.

Para Mariano Rajoy, a moção não passa de uma defesa dos interesses do líder do PSOE, Pedro Sánchez, que procura "um lugar na política espanhola."

O presidente do Governo espanhol diz que o líder dos socialistas não tem a autoridade moral para apresentar uma moção de censura e que apenas tem o objetivo de ser líder de um Executivo a "qualquer preço e como tiver de ser."

Para Rajoy, nem ele nem o seu Governo perderam credibilidade perante os espanhóis depois de conhecida a sentença por corrupção do Caso Gürtel, pelo que não pedente abandonar o mandato, porque beneficia o "interesse geral."

O presidente do Governo encontra-se no poder em minoria desde 2016. Conseguiu que fosse aprovado o projeto do Orçamento de Estado para 2018 esta semana na câmara baixa - Congresso dos Deputados - dos "melhores dos últimos anos," depois da dura crise econômica atravessada por Espanha.

Referiu ainda que a moção de censura surge quando ainda não se resolveu a questão da Catalunha, região autônoma onde o Executivo assumiu a gestão regional, ao amparo do Artigo 155 da Constituição, depois do referendo considerado ilegal pela Justiça, em 2017.
Nota: desde que subiu ao poder Mariano Rajoy passa mais tempo tentando formar um governo do que governando, isso porque também pode ir para a cadeia por ter membros do seu partido envolvidos em corrupção. Embora a economia seja o único foco do seu governo, outras áreas carecem de atenção que, ao que parece, não terão, pois o primeiro-ministro parece estar mais propenso a piorar ou permitir a existência do problema do que solucioná-lo. Por exemplo: rotineiramente eu tenho publicado aqui a respeito das fracas fronteiras espanholas que permitem toda a sorte de imigrantes ilegais dentro do país. Rajoy no pouco tempo em que conseguiu governar não fez absolutamente nada para impedir isso. Rajoy é o típico político carreirista europeu, que não tem visão, nem patriotismo, mas que só sonha em ser bem-visto pelos homólogos europeus, como o cão amestrado que seguiu todo programa de Bruxelas, e que por sua subserviência, espera ser reconhecido como um lacaio governante local de primeira. A direita pró-europeia como o PP de Rajoy já está desgastada! É por isso que partidos de extrema-esquerda como o Podemos conseguiram ascender. 
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