20 de nov. de 2016

Já se vota em França nas primárias do centro-direita: sabe como se processa?




Euronews, 20 de novembro de 2016.



Por Francisco Marques.



Já estão abertas as urnas das primeiras eleições primárias de sempre do centro-direita em França. Os primeiros a poder votar foram os eleitores de alguns dos domínios ultramarinos gauleses e também os franceses emigrados.

Sete nomes disputam o lugar de candidato da coligação entre Os Republicanos e o Partido Cristão-Democrátrico com vista às Presidenciais marcadas para 23 de abril do próximo ano. Três republicanos estão em destaque.


  • Quem são os outros 4 candidatos?
  • Jean François Copé, republicano, 52 anos, porta-voz do governo de Jacques Chirac 2002-2007;
  • Nathalie Kosciusko-Morizet, republicana, 43 anos, ministra da Ecologia e Transportes (2010-2012);
  • Bruno Le Maire, republicano, 47 anos, ministro da Agricultura 2009-2012;
  • Jean-Frédéric Poisson, cristão-democrata, 53 anos, presidente da câmara de Rambouillet 2004-2007;

Um deles é Alain Juppé, de 71 anos. Primeiro-ministro entre 1995 e 1997 e responsável por várias pastas ministeriais dos últimos executivos de direita, Juppé parecia ser à partida o grande rival do camarada Nicolas Sarkozy, o mais mediático dos sete candidatos.

O antecessor de François Hollande, espera poder voltar a ter hipótese de recuperar o Eliseu, na posse da esquerda há quase cinco anos.

O momento não podia ser melhor para a direita face ao desgaste público de Hollande, por exemplo, com a gestão da crise económica europeia, dos refugiados e até do agravamento do terrorismo.
Ao mesmo tempo, há que contar com um fenómeno progressivo um pouco por todo o mundo: a ascensão da extrema-direita e dos ideias nacionalistas.

O “Brexit” e a recente eleição de Donald Trump, com uma campanha anti-imigração, são duas consequências dessa ascensão e representam sinais preocupantes para um dos mais importantes membros da União Europeia.

Em França, Marine Le Pen, a líder da Frente Nacional, tem vindo a ganhar protagonismo e, a cinco meses das presidenciais gaulesas, parece estar também a beneficiar dos resultados registados nas eleições dos Estados Unidos.


Há, no entanto, uma surpresa a intrometer-se entre Juppé e Sarkozy: François Fillon, de 62 anos. O também ex-primeiro-ministro, cargo que ocupou na presidência de Sarkozy (2007 – 2012), surgiu na frente de uma derradeira sondagem divulgada pela agência Ipsos.
Nos recentes sufrágios do “Brexit”, no Reino Unido, e das presidenciais dos Estados Unidos, a maioria das agências de sondagens meteram os pés pelas mãos. Será que desta vez as sondagens vão estar certas?


Como se processam as primárias de centro-direita em França?Os candidatos tiveram de garantir um significativo apoio dentro dos partidos envolvidos. Cada um teve de conseguir um apoio de 250 eleitos em representação de pelo menos 30 departamentos (distritos) franceses. Destes 250 apoiantes, pelo menos 20 têm de ser parlamentares. Tinham ainda de garantir o apoio de um mínimo de 2500 militantes.

Esta eleição primária lançada pelos republicanos e aberta a outras forças de direita pôs fim ao princípio de que deveria ser o líder do partido a apresentar-se às Presidenciais.

O sufrágio é organizado por uma comissão própria e 104 comissões departamentais. É fiscalizado por uma Alta Autoridade Independente e realiza-se em 10.228 mesas de voto.

São esperados 2,7 milhões de eleitores, que não necessitam ser militantes dos partidos, mas têm de aderir à chamada Carta da Alternância, na qual declaram “partilhar os valores republicanos da Direita e do Centro” e se comprometem “pela alternância pela recuperação bem conseguida da França”.

Os eleitores têm ainda de pagar dois euros para poderem votar. É uma forma de ajudarem a suportar os custos destas primárias, avaliados em oito milhões de euros. O que sobrar servirá para ajudar a pagar a campanha presidencial.

Quanto ao vencedor das eleições, sairá do escrutínio deste domingo se algum dos sete na corrida conseguir ultrapassar a fasquia de 50 por cento dos votos: na derradeira sondagem da Ispso, Fillon tinha 30 por cento das preferencias, Juppé e Sarkozy conseguiam cada 29 por cento, e os restantes nem passavam dos 5 por cento.

Se nenhum dos candidatos passar dos 50 por cento dos votos, os dois mais votados passam à segunda volta, já programada, em caso de necessidade, para o próximo domingo, 27 de novembro.

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